Finlândia planeia reintroduzir minas antipessoais no seu arsenal

A Finlândia está a ponderar reintroduzir minas antipessoais no seu arsenal, apesar da Convenção de Otava proibir estes dispositivos explosivos na maior parte dos países, informaram hoje as autoridades competentes.

Finlândia planeia reintroduzir minas antipessoais no seu arsenal

As forças de defesa finlandesas têm estado a avaliar, desde o verão, a necessidade de introduzir minas antipessoais no seu aresenal, disse o Ministério da Defesa à agência noticiosa francesa AFP.

“Esta revisão é motivada pelas lições aprendidas com a guerra na Ucrânia e a deterioração da situação de segurança”, explicou o ministério, acrescentando que será publicado um relatório sobre o tema no próximo ano.

A Finlândia assinou a Convenção de Otava em 2012, procedendo à destruição de todas as minas existentes no seu território, num total de um milhão, mas considera que a situação de segurança no país tem vindo a mudar.

O país nórdico, que partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia, abandonou décadas de não-alinhamento militar e aderiu à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) após a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022.

O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, declarou aos seus parceiros nórdicos e bálticos que está a decorrer um “debate sério sobre as minas” na Finlândia, durante uma conferência de imprensa na Suécia.

O primeiro-ministro da Estónia, Kristen Michal, afirmou também que o seu país estava a “seguir o exemplo finlandês”.

“Somos membros da Convenção de Otava, pelo que estamos a explorar diferentes opções e novas tecnologias”, afirmou Michal.

O tratado, assinado em 1997, é o tema de uma conferência internacional em Siem Reap, no Camboja, a decorrer até sexta-feira, organizada de cinco em cinco anos para avaliar os progressos no sentido de um mundo livre de minas antipessoais.

A Cimeira Siem Reap-Angkor para um Mundo sem Minas teve início na segunda-feira, poucos dias após Washington ter anunciado o fornecimento de minas antipessoais a Kiev para travar o avanço das tropas russas no leste da Ucrânia.

Várias organizações não-governamentais (ONG) criticaram o fornecimento destas armas proibidas internacionalmente pelos Estados Unidos que, enterradas ou escondidas no solo, explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte de civis.

Cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava de 1997 sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais, mas nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.

O tratado proíbe os Estados-membros de adquirir, produzir, armazenar e utilizar minas antipessoais.

O exército russo tem utilizado estes explosivos “extensivamente” em território ucraniano desde a invasão em larga escala, com “pelo menos 13 tipos de minas antipessoais implantadas”, segundo um relatório publicado pelo Landmine Monitor.

Kiev acusa Moscovo de levar a cabo “atividades genocidas” ao utilizar minas antipessoais na Ucrânia.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados e as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

JYFR // JH

By Impala News / Lusa

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