Fronteira de Ressano Garcia reabriu com prejuízos de 5,8 ME devido a tumultos em Moçambique
A fronteira de Ressano Garcia, entre Moçambique e África do Sul, a maior travessia terrestre moçambicana, reabriu hoje, após vários dias de condicionamento e encerramento devido aos tumultos pós-eleitorais que provocaram prejuízos de 5,8 milhões de euros.
“A fronteira está reaberta para o fluxo de peões, para o fluxo de veículos. Os sistemas de gestão aduaneira estão restabelecidos, foram criadas todas as condições para que a fronteira volte a operar dentro dos padrões exigidos”, anunciou esta tarde, em Ressano Garcia, província de Maputo, o porta-voz da Autoridade Tributária de Moçambique, Fernando Tinga.
Aquela fronteira, no sul de Moçambique, local de passagem obrigatória para várias exportações sul-africanas via porto de Maputo e para importações de produtos sul-africanos para a capital moçambicana, esteve condicionada durante quase uma semana, face ao alastramento das manifestações pós eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Em 05 de novembro foram queimadas cinco viaturas das autoridades de fronteira moçambicana, por manifestantes que ainda vandalizaram o posto de fronteira, tendo os dois países decidido encerrar totalmente a passagem, com camiões a acumularem-se em ambos os lados.
“Está a funcionar em pleno, foram restabelecidos os sistemas e restabelecida a segurança”, avançou hoje Fernando Tinga, acrescentando que a fronteira de Ressano Garcia foi a única afetada pelos protestos e “tumultos” pós-eleitorais, contando com um reforço das Forças de Defesa e Segurança no seu perímetro.
O porta-voz da Autoridade Tributária acrescentou que a verificação do restabelecimento das condições de segurança foi feita pelos dois países, que concluíram pela sua operacionalidade, após restabelecimento dos sistemas vandalizados do lado moçambicano.
A fronteira de Ressano Garcia previa movimentar este mês mercadorias no valor de 1.700 milhões de meticais (24,8 milhões de euros), pelo que o encerramento da última semana, segundo Fernando Tinga, provocou perdas que andam “em torno de 400 milhões de meticais [5,8 milhões de euros]”, deixando ainda Maputo com “escassez” de alguns produtos que chegam via África do Sul.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.
Venâncio Mondlane anunciou quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.
Pelo menos três pessoas foram mortas e 66 ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes e a polícia na quinta-feira, oitavo dia das greves convocadas por Venâncio Mondlane, anunciou o Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade sanitária do país.
“Em todas as nossas portas de entrada tivemos um cumulativo de 138 admitidos, dos quais a urgência de adultos teve 101 pacientes. Dos 101 pacientes, 66 foram vítimas dessas manifestações e os restantes foram por outras causas”, disse o diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, Dino Lopes.
PVJ // SF
By Impala News / Lusa
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