Fundadora do grupo Exército Vermelho Japonês sai da prisão 20 anos depois

A fundadora do grupo extremista Exército Vermelho Japonês, Fusako Shigenobu, saiu hoje da prisão em Tóquio, após ter cumprido uma pena de 20 anos, e pediu desculpa por ter magoado pessoas inocentes.

Fundadora do grupo Exército Vermelho Japonês sai da prisão 20 anos depois

Shigenobu, atualmente com 76 anos, esteve em fuga durante décadas, antes de ser detida em Osaca, em 2000, onde tinha regressado ilegalmente após 30 anos no Médio Oriente. “Foi há meio século […), mas causámos danos a pessoas inocentes que nos eram estranhas ao dar prioridade à nossa luta, como por exemplo a tomada de reféns”, disse Shigenobu, citada pela agência francesa AFP. “Embora esses tenham sido tempos diferentes, gostaria de aproveitar esta oportunidade para pedir profundas desculpas”, acrescentou, segundo a agência norte-americana AP.

Ao sair da prisão de Akishima, na zona ocidental de Tóquio, Shigenobu foi recebida pela filha, Mei, e por três dezenas de amigos e apoiantes, que exibiram uma faixa com a frase “Amamos Fusako”, perante uma centena de jornalistas. Formado em 1971, o Exército Vermelho Japonês, com ligações a militantes palestinianos, tinha como objetivo provocar uma revolução socialista global através de atos terroristas de grande visibilidade. Shigenobu não participou nos ataques, mas um tribunal japonês concluiu, em 2006, que ajudou a coordená-los e condenou-a a 20 anos de prisão.

Exército Vermelho Japonês sequestrou embaixador

Um dos ataques ocorreu em 1974, quando três militantes do seu grupo ocuparam a embaixada francesa em Haia e sequestraram o embaixador e outros funcionários durante mais de quatro dias. O sequestro terminou após a França ter libertado um militante do Exército Vermelho, tendo os atacantes fugido para a Síria. O grupo também assumiu a responsabilidade por um ataque ao consulado dos Estados Unidos em Kuala Lumpur, capital da Malásia, em 1975. Pensa-se também que o grupo esteve por detrás de um ataque com metralhadoras e granadas em 1972, ao aeroporto internacional de Telavive, em Israel, que matou 28 pessoas, incluindo dois terroristas, e feriu dezenas de pessoas. Shigenobu cumpriu pena pelo ataque à embaixada da França em Haia, em 1974.

Um ano após a sua detenção, a outrora conhecida como a “Rainha Vermelha” ou “Imperatriz do Terror” anunciou a dissolução do grupo. A imprensa japonesa noticiou que Shigenobu foi submetida a uma cirurgia por causa de um cancro enquanto esteve presa. A filha de Shigenodu disse à agência japonesa Kyodo que a mãe já não está interessada na violência e pretende escrever nas redes sociais sobre “a difícil situação dos palestinianos sob a ocupação israelita”. Kozo Okamoto, que foi ferido e preso no ataque ao aeroporto israelita, foi libertado em 1985, numa troca de prisioneiros entre as forças israelitas e palestinianas, e pensa-se que estará no Líbano. Okamoto e vários outros membros do grupo continuam a ser procurados pelas autoridades japonesas.

 

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