Futuro chanceler alemão defende aumento da capacidade de defesa da Europa
O líder conservador alemão, Friedrich Merz – que tomará posse como chanceler na próxima semana — defendeu hoje que aumentar a capacidade de defesa da UE é essencial para preservar a paz.

“Devemos ser pragmáticos na aquisição de armas. Devemos concordar com o desenvolvimento conjunto de novos projetos e acelerar rapidamente a produção”, disse Merz, durante uma intervenção no congresso do Partido Popular Europeu (PPE), em Valência, no leste de Espanha.
“Isto deve acontecer no âmbito da NATO, mas nós, europeus, também devemos ser capazes de nos defender melhor do que no passado. Não é uma opção. Trata-se de um pré-requisito para preservar a liberdade e a paz”, argumentou o líder alemão.
Merz – que reiterou o apoio à reeleição de Manfred Weber como presidente do PPE — aproveitou a presença em Valência para referir a guerra na Ucrânia.
“Se outras nações, outros países, questionarem os valores da soberania nacional e da inviolabilidade das fronteiras, da democracia e da liberdade, nós defendê-los-emos com ainda mais força”, prometeu o futuro chanceler alemão.
Se tudo correr como planeado e os sociais-democratas alemães ratificarem o acordo de coligação alcançado com a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) da Baviera, Merz tomará posse como chanceler na próxima terça-feira.
Como parte do acordo, os democratas-cristãos vão assumir o Ministério dos Negócios Estrangeiros pela primeira vez em 60 anos, disse Merz, antes de prometer “mais liderança alemã” a nível europeu e internacional do que no passado recente do país, governado por uma coligação de sociais-democratas, verdes e liberais.
Merz enumerou desafios como o risco de a política tarifária de Washington poder mergulhar o mundo numa nova era de protecionismo e sublinhou que os países europeus não conseguem lidar com estes desafios sozinhos, pelo que é necessário adotar posições comuns e falar a uma só voz.
O futuro chanceler alemão declarou-se defensor do comércio livre e reiterou o apoio à Comissão Europeia na negociação de acordos comerciais com blocos como o Mercosul, perante uma audiência onde estava a líder dessa mesma comissão, Ursula von der Leyen.
Contudo, Merz avisou para os riscos de uma sobrecarga deste tipo de acordos, por vezes direcionados para matérias não diretamente relacionadas com o comércio, referindo-se a cláusulas de proteção climática, como exemplo.
“Devemos encontrar um equilíbrio entre a luta contra as alterações climáticas, mais importante do que nunca, e a proteção ambiental, por um lado, e a prevenção da desindustrialização nos nossos países”, argumentou Merz.
O futuro chanceler considerou que os “enormes desafios” que a UE enfrenta não podem ser travados por economias em retração, sabendo-se que, segundo previsões oficiais, a Alemanha completará um ano de estagnação económica em 2025, após recessões em 2024 e 2023.
RJP // EJ
By Impala News / Lusa
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