Governação angolana tem sido feita com aquisições semanais de novas dívidas – UNITA
O líder da UNITA, maior partido da oposição angolana, disse hoje que a governação de Angola tem sido feita “sempre através da aquisição de novas dívidas”, supostamente contratadas “semanal ou quinzenalmente”.
“A governação tem sido sempre através da aquisição de novas dívidas. Hoje o país sobrevive quase semanal e quinzenalmente através de contratações contínuas de endividamento”, disse o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, na apresentação da visão do partido sobre o estado da economia nacional.
Adalberto Costa Júnior afirmou que a análise feita pelo partido vai ser partilhada com o exterior para o alerta de investidores em Angola “que querem estar numa economia com estabilidade” e também para ajudar a “não conceder dinheiros que vão para consumo e não para criar país”.
De acordo com o presidente da UNITA, é possível Angola sair do cenário de uma economia “amarrada a um enorme embondeiro chamado partido-Estado”, através de “reformas, coragem e vontade política”.
Segundo Adalberto Júnior, ao partilhar “números muito substantivos”, o partido está “a fazer um exercício no quadro dos 50 anos de independência, de partilha e de convite para uma Angola melhor”.
O líder da UNITA afirmou que foram apresentadas as soluções e “os governantes têm todas as condições de as poderem abraçar, porque Angola não tem só petróleo”.
“As dependências do petróleo são de risco e nós vimos aqui algo surpreendente ao longo de todos os ciclos. O crescimento de acumulação de receita foi sempre equivalente ao crescimento da dívida. É inacreditável!”, salientou.
O líder da UNITA frisou que “Angola podia ter um fundo soberano de centenas de biliões de dólares, para alavancar todas as transformações que o país precisa, mas também para dar segurança às gerações atuais e futuras e tudo isso desapareceu pela inexistência de instituições”.
“Foi neste contexto de extrema fraqueza institucional, de ausência de separação de poderes, de ausência de liberdade de imprensa e de expressão, de insegurança física e jurídica, que os angolanos hoje se interrogam sobre o destino dado a 544 mil milhões de dólares [522 mil milhões de euros] em receitas fiscais [essencialmente petrolíferas] entre 2002 e 2022”, disse o político.
Na sua intervenção, Adalberto Costa Júnior disse ter demonstrado que o Orçamento Geral do Estado para 2025 é “artificial”, crescendo 10 biliões de kwanzas (10,5 mil milhões de euros) “para não mostrar a dependência da dívida do serviço público, de 72% – que é uma coisa inacreditável –, e do buraco enorme que existe”.
“Nós pensamos que o Governo, se quiser, pode fazer agora. Se não quiser fazê-lo, nós convidamos todas as forças patrióticas a juntarem-se a nós, porque vamos fazê-lo em 2027”, afirmou.
Para a UNITA, a economia angolana “encontra-se amarrada a um enorme embondeiro chamado partido-Estado, que se alimenta excessivamente dele e não pretende soltá-lo por questões de sobrevivência política, salvo se for arrancado pela maioria social [o Povo] que tem sido o grande prejudicado”.
“A mudança torna-se urgente nas eleições de 2027. Este é um desafio que a UNITA se coloca a si mesma como um dever inalienável e a máxima responsabilidade enquanto partido líder da oposição. E, para tanto, convida, uma vez mais, as demais forças patrióticas do país para partilhar esse desafio decisivo para o futuro de Angola”, disse o líder da segunda força política angolana.
NME // MLL
By Impala News / Lusa
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