Governo italiano de extrema-direita aumenta pressão sobre liberdade de imprensa
A pressão sobre a liberdade de imprensa aumentou em Itália desde a chegada do governo de extrema-direita, dirigido por Giorgia Meloni, criticaram hoje várias organizações não governamentais (ONG), depois de uma missão no terreno.
Estas ONG ficaram particularmente inquietas com as ações judiciais por difamação — a própria Meloni processou o jornalista e escritor Roberto Saviano — e a tomada de controlo de uma importante agência noticiosa por um deputado de extrema-direita.
Esta missão de dois dias, feita pela Federação Europeia de Jornalistas (EFJ, na sigla em Inglês), estava prevista para o outono, mas foi antecipada devido a “desenvolvimentos inquietantes”, explicou Andreas Lamm, do Centro Europeu para Imprensa e a Liberdade de Imprensa (ECPMF, na sigla em Inglês), durante uma conferência de imprensa em Roma.
A missão de acompanhamento da ECPMF, que contabiliza os incidentes que afetam a liberdade de imprensa, como os processos judiciais ou as agressões físicas, constatou uma deterioração em Itália, de 46 casos em 2022 para 80 em 2023 e 49 desde janeiro deste ano.
Meloni, chefe do partido pós-fascista Fratelli d’Italia (Irmãos de Itália), chegou ao poder em outubro de 2022. As ONG expressaram inquietação com as interferências do governo na RAI, o grupo audiovisual público, que causaram uma greve de jornalistas este mês.
Os representantes das ONG, que vão divulgar um relatório nas próximas semanas, recomendaram, entre outras, a nomeação de dirigentes independentes para a RAI.
Deploraram ainda o falhanço de vários governos italianos na despenalização da difamação, apesar de apelos neste sentido do Tribunal Constitucional italiano.
“Em uma democracia europeia, um primeiro-ministro não responde às críticas através da intimidação por vias legais de escritores como Saviano”, criticou David Diaz-Jogeix, da ONG Article 19 baseada em Londres.
O grupo também alertou para a tomada de controlo da agência AGI por um grupo pertencente a um deputado da Liga, o partido anti-imigrantes dirigido pelo vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, que também motivou uma greve do pessoal.
Na situação atual, a Itália arrisca desrespeitar a nova legislação europeia sobre a liberdade de imprensa, introduzida em parte para enfrentar a deterioração em países com a Hungria e a Polónia.
RN // RBF
By Impala News / Lusa
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