Guerrilha do ELN anuncia ‘greve armada’ de 72 horas contra Governo da Colômbia

A guerrilha de extrema-esquerda Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou uma “greve armada” de 72 horas para “tornar visível a conivência entre o Estado, as forças militares e os mercenários” no oeste da Colômbia

Guerrilha do ELN anuncia 'greve armada' de 72 horas contra Governo da Colômbia

Num comunicado divulgado no sábado à noite, o grupo disse que a “greve armada” vai estar em vigor entre as 00:00 de terça-feira (05:00 em Lisboa) e prolongar-se-á até às 00:00 de 21 de fevereiro.

Durante este período o ELN proíbe qualquer atividade e movimento, incluindo da população civil, nas zonas que controla no departamento de Chocó.

O grupo incluiu entre os motivos da decisão “a grave situação humanitária no departamento de Chocó” e apontou o Governo como “o principal responsável” pela situação.

O ELN acusou ainda as autoridades de permitirem “o crescimento e posicionamento do Cartel do Golfo” na região, em referência a um grupo de crime organizado dedicado sobretudo ao tráfico de droga.

Apesar da greve armada, o grupo garantiu “a defesa do território, das comunidades e dos seus habitantes” e prometeu manter as ações “em prol do bem-estar da maioria e da construção do socialismo”.

O ELN disse querer “combater desinteressadamente a injustiça social e a violência estatal”.

“O nosso compromisso é a libertação ou a morte”, disse o grupo, reiterando as críticas ao conluio entre “as forças públicas e os paramilitares”, que descreveu como evidente.

O anúncio surge uma semana depois da mesma guerrilha ter anunciado imposto uma outra “greve armada” em vários municípios do departamento de Chocó devido à presença de forças paramilitares, poucos dias depois de terem acordado uma nova extensão do cessar-fogo com o Governo.

Os anúncios podem pôr em risco a prorrogação de seis meses acordada entre o ELN e o Governo colombiano, que prevê que a guerrilha também renuncie aos raptos.

Eleito em 2022 como o primeiro Presidente de esquerda na história do país, Gustavo Petro está a tentar implementar uma política ambiciosa de “paz total” para pôr um fim definitivo à violência que dilacerou a Colômbia durante mais de meio século.

Petro iniciou conversações com as duas principais fações de dissidentes das FARC, com o ELN e com grupos paramilitares e narcotraficantes.

No entanto, esta política deparou-se com numerosos obstáculos e foi duramente criticada pela oposição, enquanto estes grupos armados, ligados ao tráfico de droga, intensificaram esforços para aumentar a influência territorial.

Um relatório dos serviços secretos afirma que o ELN tinha aproveitado as negociações para “ganhar tempo” e “reforçar as capacidades militares”, enquanto o “envolvimento em atividades ilegais, como o tráfico de droga e a extorsão, aumentou para obter fundos para financiar as operações”, de acordo com o documento divulgado na terça-feira pela imprensa colombiana.

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By Impala News / Lusa

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