Hong Kong defende integridade financeira e adverte Estados Unidos
O governo de Hong Kong advertiu que as ações políticas norte-americanas podem ameaçar as relações bilaterais, em resposta a uma carta da Câmara de Representantes dos EUA que questiona o estatuto da cidade como centro económico internacional.
O executivo da região semiautónoma chinesa repudiou esta carta enviada à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmando ser infundada e prejudicial à reputação da região, de acordo com um comunicado divulgado pelas autoridades na terça-feira.
Além disso, o governo de Hong Kong garantiu que tem vindo a aplicar as sanções impostas pelas Nações Unidas e que mantém um mecanismo eficaz para aplicar as resoluções, incluindo o controlo de navios e empresas suspeitas, para evitar a evasão às sanções.
Um porta-voz das autoridades da antiga colónia britânica classificou o documento como uma “tentativa grosseira e repreensível” de espalhar desinformação para fins políticos.
Sublinhou que as leis de segurança nacional da cidade “garantem um ambiente estável e previsível que permite o crescimento da economia e das empresas”, referindo que a comunidade empresarial internacional continua a ter confiança em Hong Kong.
O porta-voz salientou a integridade dos sistemas financeiros locais, destacando que os bancos e instituições do território cumprem as normas internacionais, nomeadamente em matéria de prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo.
As autoridades locais reafirmaram ainda o empenho no Estado de Direito no âmbito do quadro ‘um país, dois sistemas’, salientando que os direitos e liberdades fundamentais são protegidos pela Lei Básica (mini-constituição de Hong Kong).
O conceito ‘um país, dois sistemas’, originalmente proposto pelo líder chinês Deng Xiaoping (1904-1997) e aplicado pela primeira vez em 1997 e 1999, com a transferência de soberania de Hong Kong e de Macau, respetivamente, prevê ao longo de 50 anos um determinado grau de autonomia para as duas regiões, com foco no respeito pelas liberdades e garantias dos cidadãos.
Na segunda-feira, legisladores norte-americanos instaram as autoridades dos EUA a reavaliar o tratamento dado aos bancos de Hong Kong e acusaram a cidade de se ter tornado “um centro de lavagem de dinheiro e de ajuda aos países autoritários para contornar as sanções”.
“Desde a imposição da Lei de Segurança Nacional por Pequim, Hong Kong deixou de ser um centro financeiro global de confiança para se tornar um ator fundamental no crescente eixo autoritário que inclui a China, o Irão, a Rússia e a Coreia do Norte”, argumentaram.
Os congressistas acrescentam que Hong Kong “se tornou líder mundial em práticas como a importação e reexportação para a Rússia de tecnologia ocidental proibida, a criação de empresas de fachada para a compra de petróleo iraniano proibido, a facilitação do comércio de ouro de origem russa e a gestão de navios fantasma envolvidos no comércio ilegal com a Coreia do Norte”.
Pequim impôs em Hong Kong uma lei de segurança nacional em junho de 2020 que proíbe atos de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, em resposta aos enormes protestos antigovernamentais que abalaram em 2019 a cidade vizinha de Macau.
Depois disso, em março deste ano, a antiga colónia britânica promulgou a própria lei de segurança nacional.
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By Impala News / Lusa
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