IL recusa entendimentos com outros partidos na Assembleia da Madeira
A Iniciativa Liberal (IL), que se estreou na Assembleia da Madeira em 2023, pretende reforçar a sua representação parlamentar nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, recusando entendimentos com outras forças políticas.
“Os objetivos da IL são crescer”, disse o cabeça de lista do partido, Nuno Morna, numa entrevista à agência Lusa.
Humberto Nuno de Carvalho Homem e Morna Gomes, que é o coordenador do núcleo da Madeira da Iniciativa Liberal e foi eleito deputado (único) nas regionais de 24 de setembro do ano passado, destacou que o partido tem “tido um crescimento contínuo ao longo de todos os processos eleitorais”.
“Temos a noção de que o caminho que estamos a percorrer é uma jornada. Não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona”, admitiu.
Nascido em 17 de fevereiro de 1961 (tem 63 anos), na freguesia de São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, o cabeça de lista considera que o liberalismo se faz caminhando e que “vai levar o seu tempo” até as pessoas “entenderem que a sua liberdade está acima de tudo em todos os campos de atuação, seja a liberdade na política, seja a liberdade na economia, no social, na cultura, a todos os níveis”.
Questionado sobre a possibilidade de entendimentos com outros partidos, depois de duas legislaturas em que o PSD de Miguel Albuquerque fez acordos para conseguir a maioria absoluta (com o CDS e depois com o PAN), Nuno Morna respondeu: “No atual quadro, com os atuais protagonistas, não [há] hipótese nenhuma de haver qualquer intervenção nossa.”
Segundo o técnico de informação e comunicações aeronáuticas, que tem o 12.º ano de escolaridade e frequência universitária, “acordos, coligações, entendimentos com Miguel Albuquerque e/ou com o Partido Socialista estão completamente fora de questão”.
“E, utilizando uma expressão de Luís Montenegro, ‘não é não'”, acrescentou.
Para o dirigente, são também inviáveis entendimentos com o PCP e o BE. Além disso, a IL “não consegue entender” o JPP e considera que o CDS-PP — partido de que foi militante – “está a tentar encontrar um sítio onde apoiar os pés”, depois do rompimento da coligação com o PSD (formada após as eleições de 2019).
O cabeça de lista quis, porém, deixar “muito claro” que o partido, “caso a caso, proposta a proposta, ponto a ponto, Orçamento a Orçamento, Programa de Governo a Programa de Governo, está sempre na disposição de ler, entender, sugerir alterações” consoante os seus princípios.
Na “minilegislatura” iniciada em 2023 e interrompida com a crise política do arquipélago, indicou o liberal, conseguiu apresentar três das principais propostas legislativas que havia defendido na última campanha eleitoral: o voto antecipado em mobilidade, a redução de 30% prevista na Lei das Finanças Regionais para todos os impostos e a criação de um portal da transparência.
Duas delas foram chumbadas em plenário e uma não foi debatida, pelo que a IL quer apresentá-las novamente, no futuro mandato.
Sobre a redução dos 30% em todos os impostos e taxas liberatórias, referiu Nuno Morna, os relatórios relativos à cobrança na região atestam que “só o IVA [Imposto sobre o Valor Acrescentado] duplicou de um ano para outro”.
“Há uma brutal coleta de impostos e nós achamos que estão reunidas todas as condições e mais algumas no sentido de devolver o dinheiro às pessoas”, acrescentou.
Em matéria de educação, o liberal defendeu mais responsabilidade e autonomia para as escolas, além da descentralização — para “acabar com a burocracia e o centralismo da Secretaria da Educação, que é brutal” –, e a possibilidade de os cidadãos escolherem os estabelecimentos que os filhos devem frequentar sem “estarem sujeitos à ditadura do sítio onde vivem”.
Também na área da habitação, o candidato, que reside no concelho contíguo a leste do Funchal, Santa Cruz, considerou ser necessário “desburocratizar, criar mais condições para que haja mais oferta – que tanto o mercado de arrendamento como o mercado de compra e venda tenham mais habitação disponível”.
Para a IL, é também fundamental de reduzir as listas de espera na saúde, “no tempo e na quantidade”, o que deve ser feito “utilizando toda a capacidade instalada, seja o setor público, seja o setor privado e o pouco setor social”.
Nuno Morna está na IL desde a sua fundação (2017), tendo desempenhado o cargo de deputado municipal. Falhou a eleição nas regionais de 2019. Foi número três da lista nacional nas europeias desse ano e candidato à Câmara Municipal de Santa Cruz em 2021.
Nas regionais de 24 de setembro, a IL arrecadou 3.555 votos (2,70%) e elegeu pela primeira vez um deputado para a Assembleia Legislativa da Madeira, num universo de 47 parlamentares.
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, demitiu-se em janeiro depois de ser constituído arguido num processo judicial, o que levou à dissolução do parlamento do arquipélago. O executivo está desde então em gestão.
*** Ana Basílio (texto) e Homem de Gouveia (foto), da agência Lusa ***
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By Impala News / Lusa
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