Israel: Blinken debaterá com líderes “rumo futuro” da campanha militar em Gaza
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, discutirá com as autoridades israelitas “o rumo futuro da campanha militar em Gaza”, que fez mais de 23.000 mortos em três meses, bem como o que “fazer mais para proteger os civis”.
“Dirigimo-nos agora para Israel, onde teremos a oportunidade de partilhar com os líderes israelitas tudo o que ouvi até agora nesta viagem e também de falar com eles sobre o rumo futuro da campanha militar em Gaza”, disse Blinken em declarações à imprensa na Arábia Saudita, etapa do seu périplo pelo Médio Oriente para debater a guerra no enclave palestiniano e suas repercussões.
Após visitar hoje os Emirados Árabes Unidos (EAU) e a Arábia Saudita, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos irá a Israel, onde também insistirá com as autoridades no “imperativo absoluto de se fazer mais para proteger os civis” durante as operações militares israelitas na Faixa de Gaza, território exíguo, sobrepovoado, pobre e, agora, destruído.
O responsável norte-americano indicou que abordará também a importância de aumentar o acesso da ajuda humanitária ao enclave – onde pelo menos 1,9 milhões de pessoas (85% da população) se viram obrigadas a deslocar-se por causa da guerra e enfrentam uma grave crise humanitária — e os “incansáveis esforços” dos Estados Unidos “para trazer de volta os reféns” nas mãos do grupo islamita palestiniano Hamas.
“E falaremos sobre como vemos o futuro da região e de Israel, e estou convencido de que há um caminho futuro que realmente pode trazer paz e segurança duradouras a Israel, que pode garantir que o 07 de outubro (dia do ataque do Hamas a território israelita que desencadeou a retaliação armada de Israel contra Gaza) nunca mais volta a acontecer e que pode unir a região”, asseverou Blinken no aeroporto de Riade.
O governante norte-americano sustentou igualmente que a Faixa de Gaza e a Cisjordânia “devem estar unidas sob um Governo liderado por palestinianos” e que, para tal, é necessária “a criação de um Estado palestiniano independente”.
“Ninguém com quem falo pensa que isto será fácil, todos reconheceram os obstáculos e ninguém pensa que alguma coisa vai acontecer de um dia para o outro, mas acordámos trabalhar juntos e coordenar os nossos esforços para ajudar Gaza a estabilizar e recuperar”, afirmou o diplomata.
Nesse sentido, indicou que os líderes árabes com quem se reuniu nos últimos dias “estão preparados para assumir os compromissos necessários” e “tomar decisões difíceis” para concretizar tais objetivos.
Segundo Blinken, continua a haver “um claro interesse” nos países árabes do Médio Oriente para normalizar as suas relações com Israel, mas para tal é necessário pôr fim à guerra em Gaza e criar um Estado palestiniano.
“Sim, falámos disso em cada etapa, incluindo, claro, aqui na Arábia Saudita, e posso dizer-vos que há um claro interesse nisso, há um claro interesse na região em conseguir isso”, disse o secretário de Estado norte-americano.
No entanto, acrescentou que, para que os países acedam a estabelecer relações diplomáticas com Israel, é primeiro necessário que “o conflito termine em Gaza e que se abra uma via prática para um Estado palestiniano” independente, para solucionar o histórico conflito israelo-palestiniano.
“Foi isso que ouvi de todas as pessoas com quem falei sobre o assunto. O interesse existe, é real e poderá ser transformador”, frisou.
O chefe da diplomacia norte-americana também fez referência às suas conversações para evitar que a guerra alastre na região, numa altura em que crescem as preocupações sobre a abertura de novas frentes.
Evitar a escalada do conflito foi precisamente a principal motivação desta viagem de Blinken ao Médio Oriente, num contexto de intensificação das trocas de fogo fronteiriças entre o grupo xiita libanês Hezbollah e Israel, além dos ataques dos rebeldes iemenitas Huthis a navios mercantes no mar Vermelho.
“Os israelitas foram muito claros connosco quanto a quererem encontrar uma forma diplomática de avançar que crie o tipo de segurança que permita aos cidadãos israelitas regressarem aos seus lares”, afirmou Blinken, sobre as trocas de fogo fronteiriças entre o Hezbollah e Israel.
O responsável recordou que quase 100.000 pessoas se viram obrigadas a abandonar as suas casas no norte de Israel “devido à ameaça do Hezbollah”, ao passo que outras 80.000 foram obrigadas a abandonar as suas casas no sul do Líbano.
Além dos EAU e da Arábia Saudita, nos últimos dias, Blinken esteve também na Jordânia e no Qatar, no âmbito do seu quarto périplo pelo Médio Oriente desde a eclosão da guerra na Faixa de Gaza, e em breve aterrará em Israel, antes de concluir a viagem no Egito.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, 127 dos quais permanecem em cativeiro.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 94.º dia, fez até agora na Faixa de Gaza 23.084 mortos e 58.926 feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, pelo menos 315 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos.
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By Impala News / Lusa
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