Israel confirma nova operação militar na Cisjordânia
O exército israelita confirmou hoje o início de uma nova operação militar na cidade de Tammun, no quadro da campanha na Cisjordânia, agora alargada ao nordeste do território.
De acordo com o exército, a operação levou à apreensão de várias armas de fogo, incluindo espingardas de assalto M-16, numa cidade que foi palco de um ataque aéreo israelita na semana passada que provocou, segundo os militares, “uma dúzia de terroristas mortos”.
As autoridades locais queixaram-se de que o exército israelita obrigou os habitantes das zonas da cidade afetadas pela operação a abandonarem as suas casas durante dez dias.
O autarca de Tammun, Nayé Bani Odeh, afirmou que as famílias estão a abandonar as suas casas na periferia sul da cidade enquanto os soldados israelitas “tomam as suas casas” e que estão agora a concentrar os ataques contra o campo de Far’a, onde vivem cerca de 7.600 pessoas, segundo a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla inglesa).
Já a agência noticiosa oficial palestiniana WAFA refere que o exército israelita bloqueou uma estrada que liga a cidade e o sul, destruindo parcialmente uma conduta de água na zona.
A atual ofensiva do exército israelita, denominada Operação Muro de Ferro, tem-se concentrado principalmente na cidade e no campo de refugiados de Jenin, mas acabou por se estender a Tulkarem na semana passada, antes de avançar para Tammun.
Um palestiniano de 73 anos foi morto a tiro, hoje, pelo exército israelita em Jenin, onde as tropas levam a cabo, desde há 13 dias, uma operação militar de grande envergadura que já custou a vida a mais de 20 pessoas.
“Walid Muhamad Ali Lahouh (73 anos) foi morto a tiro pelas forças de ocupação israelitas no campo de refugiados de Jenin”, confirmou o Ministério da Saúde palestiniano.
O Governo israelita afirma que estas operações na Cisjordânia representam um esforço para eliminar as células terroristas palestinianas na vizinha Gaza, mas os funcionários palestinianos denunciam estas incursões como parte dos esforços de anexação israelitas para facilitar a apropriação ilegal de terras pelos colonos da região, que aterrorizam a população palestiniana com o consentimento do exército.
Hoje, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, partiu para Washington para o seu encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para terça-feira.
A viagem do líder israelita coincidirá com o início das negociações indiretas entre Israel e o Hamas para definir a segunda fase do acordo de tréguas, em que seriam libertados todos os reféns israelitas em Gaza e lançadas as bases para o fim definitivo da guerra.
No entanto, membros importantes da coligação governamental, como o ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, avisaram já que vão tentar derrubar o Governo se Israel não retomar os combates na Faixa de Gaza quando terminar a primeira fase da trégua.
Numa mensagem após a partida do Presidente, Smotrich apelou a Netanyahu para que reforce o controlo israelita sobre a Cisjordânia ocupada e considerou Trump um “amante de Israel”.
“A partir da força e do poder construímos a paz, forjamos alianças e reforçamos a posição do Estado de Israel”, disse o ministro, residente num colonato judeu ilegal na Cisjordânia ocupada.
Com Netanyahu viajam também para Washington o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o representante do gGoverno israelita junto das famílias dos reféns, Gal Hirsch, entre outros.
Em declarações aos meios de comunicação social pouco antes de embarcar no avião, Netanyahu defendeu que a guerra serviu para “mudar a face do Médio Oriente”, e disse que, juntamente com Trump, Israel pode mudá-lo “ainda mais, e para melhor”.
O encontro será a primeira reunião entre o Presidente norte-americano e um líder estrangeiro desde a sua tomada de posse, a 20 de janeiro.
De acordo com os meios de comunicação social israelitas, Trump já deixou claro a Netanyahu que não quer que Israel volte a combater na Faixa de Gaza.
A primeira fase das tréguas em curso em Gaza já permitiu a libertação de 13 israelitas e cinco tailandeses, em troca de mais de meio milhar de prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas.
Espera-se que o Hamas liberte mais 20 dos 79 reféns ainda detidos no enclave durante o mês de fevereiro, em troca de mais de mil prisioneiros palestinianos.
PJA // JMC
By Impala News / Lusa
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