Israel diz que autópsia de Shiri Bibas não revelou ferimentos por bombardeamento

A autópsia de Shiri Bibas e dos seus dois filhos, reféns que morreram em cativeiro e cujos corpos foram devolvidos a Israel, não revelou indícios de “ferimentos causados por bombardeamentos”, declarou o diretor do Instituto Nacional de Medicina Legal.

Israel diz que autópsia de Shiri Bibas não revelou ferimentos por bombardeamento

“Identificámos os restos mortais de Shiri Bibas dois dias depois de termos identificado os seus filhos. O nosso exame não encontrou indícios de ferimentos causados por bombardeamentos”, afirmou Chen Kugel, numa mensagem vídeo, sem dar qualquer explicação sobre a forma como morreram.

Shiri Bibas e os dois filhos, Ariel, de 4 anos, e Kfir, de 8 meses e meio, no momento do seu rapto no Kibutz Nir Oz, em 07 de outubro de 2023, tornaram-se um símbolo em Israel da tragédia que assolou o país nesse dia e da mobilização para libertar os reféns.

O movimento extremista Hamas devolveu, na quinta-feira, os corpos dos dois meninos no âmbito de um acordo com Israel que prevê a libertação de prisioneiros palestinianos como contrapartida da frágil trégua em vigor desde 19 de janeiro, após mais de 15 meses de guerra que devastou a Faixa de Gaza.

O corpo de Shiri Bibas foi finalmente devolvido na sexta-feira à noite. O movimento islamita palestiniano afirma que a jovem e os dois filhos foram mortos em novembro de 2023 por um bombardeamento israelita no local onde se encontravam detidos na Faixa de Gaza.

Na sequência de uma autópsia, o exército israelita declarou na sexta-feira que as duas crianças tinham sido “brutalmente mortas em cativeiro em novembro de 2023 por terroristas palestinianos”. De acordo com o exército, os assassinos atuaram “com as próprias mãos”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou os “assassínios horríveis” cometidos por “monstros”.

“As falsas alegações que a ocupação criminosa [Israel está a espalhar sobre a morte das crianças Bibas às mãos dos seus raptores não passam de mentiras e falsificações sem fundamento”, afirmou Hazem Qassem, porta-voz do movimento islamista palestiniano, num comunicado, acrescentando que os reféns raptados em Israel tinham sido tratados com “responsabilidade” e de acordo com a “moral islâmica”.

Por seu lado, a família Bibas afirmou não ter recebido “nenhum pormenor” das autoridades israelitas sobre a forma como Shiri Bibas e os filhos foram mortos em cativeiro em Gaza.

“A família pede que não sejam acrescentados mais pormenores sobre o facto de Shiri e as crianças terem sido assassinadas pelos seus raptores”, é referido num comunicado emitido em seu nome pelo Fórum das Famílias Reféns.

“Yarden [Bibas, pai das crianças] e a família querem que o mundo saiba que se tratou de um assassínio, sem mais considerações”, é acrescentado o texto.

“Qualquer publicação de pormenores (incluindo a forma como os corpos foram tratados) é contrária aos desejos da família e pedimos que seja evitada”, lê-se ainda, acrescentando-se que “a família não recebeu quaisquer pormenores de fontes oficiais” sobre as circunstâncias da morte.

Numa declaração publicada na sexta-feira, a irmã de Yarden Bibas, Ofri Bibas, atacou Netanyahu.

“Não recebemos um pedido de desculpas da sua parte neste momento doloroso”, escreveu, acusando o primeiro-ministro de ter abandonado Shiri Bibas e os filhos em 07 de outubro de 2023 e durante o cativeiro.

Raptado separadamente da mulher e dos filhos, Yarden Bibas foi libertado em 01 de fevereiro no âmbito de uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos detidos por Israel ao abrigo das tréguas com o Hamas.

LFS // VAM

By Impala News / Lusa

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