Israel quer mais apoio político de Portugal

Israel considera Portugal um “país amigo”, mas pretende maior apoio, “não militar, mas político”, afirmou hoje à Lusa o embaixador israelita em Lisboa.

Israel quer mais apoio político de Portugal

Oren Rosenblak falava à Lusa para comentar os ataques de Israel perpetrados esta madrugada contra a Faixa de Gaza, que provocaram pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos, lembrando que a ofensiva “não está a ser bem entendida” pela comunidade internacional.

“Alguns países da comunidade internacional manifestaram-se contra os ataques. Eu acho que é um erro e acho que essas vozes deviam mudar o que disseram. E eles deviam concordar com o que estamos a fazer, que é uma coisa básica: proteger os nossos cidadãos”, sustentou o diplomata, que considerou que o acordo de cessar-fogo com o Hamas já terminou há 17 dias.

“Vemos Portugal como um país amigo de Israel e estamos a pedir maior apoio do Governo português. Temos apoio, mas queremos mais apoio do Governo português. Não procuramos ter apoio militar. Queremos mais apoio político”, afirmou.

Hoje, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou o agravamento da situação no Médio Oriente, comentando que “há quem, dos vários lados, não queira a fórmula” de «dois povos, dois Estados» e faça tudo para a impossibilitar.

Numa conferência de imprensa conjunta, em Ljubljana, com a homóloga eslovena, Natasa Pirc Musar, no âmbito de uma visita oficial à Eslovénia, Rebelo de Sousa, questionado sobre o retomar das hostilidades em grande escala na Faixa de Gaza, afirmou que “Portugal continua a considerar que é fundamental passar a uma fase seguinte de conversações, porque a ideia não é, também aqui [tal como na Ucrânia], olhar para o cessar-fogo como uma solução parcial que esgota problema global”.

“E havendo reféns que, vivos ou mortos, estão por entregar, havendo uma situação que estava prevista envolver várias fases de diálogo, isso quer dizer que não se pode entender, quaisquer que sejam as condutas de um lado e outro, que termine abruptamente esse diálogo que estava ajustado ser mais fundo, mais duradouro, mais ambicioso”, disse.

Essas foram as razões pelas quais, sublinhou à Lusa Rosenblat, Israel decidiu atacar Gaza.

“A principal razão é que temos o objetivo de trazer os reféns [em poder do Hamas]. Esse é o nosso objetivo principal em Gaza. A primeira fase do acordo de cessar-fogo acabou há 17 dias e tentamos prolongá-lo. Mas, para isso, o Hamas tinha de aceitar que precisavam libertar alguns reféns”, argumentou.

Segundo o diplomata israelita, os Estados Unidos enviaram ao Hamas duas propostas para pôr fim ao conflito, iniciativas rejeitadas pelo movimento de resistência islâmico.

“Por isso, estamos novamente a fazer o que podemos para conseguirmos obter o objetivo principal, o de fazer regressar os reféns. O segundo objetivo é eliminar as capacidades civis e militares do Hamas para que eles não constituam novamente um perigo para o Estado de Israel”, acrescentou. 

“Não há nada a fazer agora. O cessar-fogo terminou há 17 dias, mas não atacamos porque teríamos a possibilidade de o prolongar. Então, como nada aconteceu [como o Hamas não concordou], estamos agora a fazer o que podemos para que os reféns regressem [a Israel]”, afirmou, secundando o afirmado pelo Governo israelita para sustentar a ofensiva sobre Gaza.

O regresso aos bombardeamentos por Israel foi explicado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como “uma repressão à organização terrorista Hamas”, por não ter entregado 59 das pessoas raptadas a 07 de outubro de 2023 que permanecem em território palestiniano, das quais cerca de 30 deverão estar mortas.

Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita Israel, Gideon Saar, defendeu que Israel “não tem outra escolha senão retomar a ação militar” contra o Hamas para trazer de volta os reféns ainda mantidos em Gaza.

“Israel aceitou as propostas do enviado norte-americano, Steve Witkoff, para uma extensão do cessar-fogo, mas o Hamas rejeitou-as por duas vezes”, afirmou Saar numa conversa com a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, de acordo com um relato do Governo israelita.

O movimento islamita palestiniano Hamas acusou Israel de querer impor um “acordo de rendição” e de “tentar boicotar” o cessar-fogo, numa altura em que as negociações indiretas sobre a continuação do processo estão paralisadas.

Para os Estados Unidos — principal aliado de Israel, que foi consultado antes dos ataques das últimas horas — o Hamas “escolheu a guerra” ao recusar libertar os reféns.

No início de março, Netanyahu já tinha avisado o movimento palestiniano para as consequências severas, se não libertasse os reféns.

Segundo os meios de comunicação israelitas, Netanyahu desenhou um sistema de pressão apelidado de “Plano Inferno”, que inclui, depois de bloquear a ajuda humanitária, cortar a eletricidade e deslocar os residentes do norte de Gaza para sul, sem descartar o retomar da guerra.

 

JSD (ACC/RJP) // EJ

By Impala News / Lusa

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