Jerónimo de Sousa contra “ditadura” financeira
O secretário-geral comunista criticou PS, PSD e CDS por disputarem “louros” de uma agência de notação financeira, num comício autárquico noturno na Marinha Grande, Leiria, onde defendeu mais produção nacional contra a “ditadura” de défice e dívida.
O secretário-geral comunista criticou na terça-feira PS, PSD e CDS por disputarem “louros” de uma agência de notação financeira, num comício autárquico noturno na Marinha Grande, Leiria, onde defendeu mais produção nacional contra a “ditadura” de défice e dívida.
“A competição a que assistimos entre os partidos que conduziram o país à crise e ao agravamento da dívida, pela conquista dos louros dessa alteração, mostra bem que estamos ainda longe de assegurar a saída que se impõe para libertar o país dos constrangimentos que bloqueiam o seu desenvolvimento”, afirmou Jerónimo de Sousa, referindo-se à recente melhoria da avaliação da dívida soberana portuguesa pela multinacional Standard & Poor’s (S&P).
Para o responsável da CDU, que junta PCP, “Os Verdes” e cidadãos independentes, “empolar e transformar num sucesso a mudança na classificação das agências de notação, omitindo, como fazem PS, PSD e CDS, a sua verdadeira função e os interesses que as movem e o que representam, como elemento de chantagem e de condicionamento a favor dos operadores da especulação financeira, é contribuir para iludir a solução dos verdadeiros problemas que o país precisa de enfrentar”.
“Continuaremos a lutar contra a ditadura do défice, tal como contra a ditadura da especulação financeira, em nome da redução da dívida. Ela não pode ser argumento para continuar a pedir encurtamento de pernas e dos passos na solução dos problemas nacionais”, prometeu.
O líder comunista tinha lamentado que, “desde sexta-feira”, andasse “no ar mediático um certo alvoroço acerca dos méritos da subida da notação de uma empresa de notação financeira” que tinha posto Portugal “no lixo dos mercados” – “um alarido que é revelador das limitações das políticas que sucessivos governos têm imposto ao país”, “um bloqueio ao desenvolvimento”.
“A principal solução para resolver o problema da dívida está no aumento da produção nacional e na renegociação da dívida para a libertação de recursos para promover a ritmos mais céleres o crescimento económico e a riqueza nacionais”, continuou, com vista à “soberania alimentar e energética”, a “reindustrialização do país” e “valorização da educação” e do “desenvolvimento científico e tecnológico”.
Jerónimo de Sousa citou como exemplos de políticas erradas ou de omissão dos sucessivos responsáveis governativos a evolução da operadora de telecomunicações PT, alienada há dois anos à multinacional de origem francesa Altice, os “ruinosos negócios” da banca privada, bem como “a tragédia dos fogos florestais”.
“Os fogos e a sua dimensão são bem exemplo de anos de incúria e de uma política de desinvestimento, desastre e abandono dos setores produtivos, de ausência de uma política de desenvolvimento da agricultura e de ordenamento florestal, de destruição da agricultura familiar, de abandono do desenvolvimento do mundo rural”, disse.
O secretário-geral do PCP condenou quem “alimentou a monocultura do eucalipto, cedendo à pressão da indústria da celulose e negligenciou também a sua proteção, com a falta de sapadores e o fim dos guardas florestais, mas também de medidas de combate e apoio aos bombeiros ao longo dos anos”.
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