A história de Joe Biden, o novo presidente dos Estados Unidos da América
O antigo vice-presidente dos EUA Joe Biden, figura democrata no cenário político norte-americano há quase meio século, está à beira de conquistar a Casa Branca. Tenta-o pela terceira tentativa.
Nascido em 20 de novembro de 1942, na pequena cidade de Scranton, Joseph Robinette «Joe» Biden Jr. é advogado e político. Filiado no Partido Democrata, foi o 47.º vice-presidente dos Estados Unidos da América de 2009 a 2017. Entre 1973 e 2009, exerceu seis mandatos consecutivos como senador pelo Delaware, período em que presidiu importantes comités do Senado. É o candidato democrata a presidente dos Estados Unidos da América, eleição que deve confirmá-lo como 46.º presidente a sentar-se na Casa Branca.
Biden e a família mudaram-se para o Delaware em 1953. Tornou-se advogado em 1969 e foi eleito para o Conselho do Condado de New Castle em 1970. Em 1972, a eleição para o Senado converteu-o no sexto senador mais jovem da História norte-americana. No Senado, integrou e presidiu o Comité de Relações Externas. Em 1991, opôs-se à Guerra do Golfo, mas defendeu a intervenção dos EUA e da NATO na Guerra da Bósnia em 1994 e em 1995. Votou a favor da resolução que autorizou a Guerra no Iraque em 2002, mas opôs-se ao aumento de tropas norte-americanas em 2007.
Foi presidente do Comité Judiciário, lidando com questões relacionadas com políticas de drogas, prevenção do crime, liberdades civis e as nomeações de Robert Bork e Clarence Thomas para a Suprema Corte. Biden liderou os esforços para aprovar legislações contra o crime violento e a violência contras as mulheres.
À terceira foi de vez
O jornalista norte-americano Ken Bredemeier traçou o perfil de Joe Biden, o praticamente certo sucessor de Donald Trump nos destinos dos Estados Unidos da América. Em praticamente meio século de carreira política, é a terceira tentativa de Biden na corrida à Casa Branca, que está a um pequeno passo de conquistar.
À medida que os votos são contados torna-se praticamente inevitável que venha a ser o próximo presidente dos EUA. Analistas, sondagens e votos contados dão a Biden mais caminhos para conquistar a maioria de 270 votos no Colégio Eleitoral do país, de 538 membros, que determina o vencedor na forma indireta de democracia do país. Os estados mais populosos têm mais influência no Colégio Eleitoral.
Joe Biden será o 46.º presidente dos EUA
Se Biden vencer e tomar posse em janeiro de 2021, será o 46.º presidente-executivo do país. Nessa altura, terá 78 anos, tornando-se no mais velho presidente dos Estados Unidos da América já eleito, ultrapassando Trump, que tinha 70 anos quando entrou na Casa Branca. Biden não foi escolhido como candidato presidencial democrata em 1988 e em 2008, tendo em ambas as ocasiões recebido pouco apoio. Senador do pequeno estado oriental do Delaware ao longo de 36 anos e segundo no comando do presidente Barack Obama em dois mandatos de quatro anos, Biden derrotou duas dúzias de outros democratas para até ser eleito candidato presidencial do partido, em 2020.
A covid-19 na campanha
A pandemia de covid-19 não controlada, doença provocada através da transmissão do novo coronavírus, sétimo conhecido pelo mundo científico, foi trunfo de campanha, uma das mais heterodoxas da história recente das eleições presidenciais dos EUA. Ao contrário de Trump, evitou os tradicionais comícios políticos em grande escala e, em vez disso, organizou eventos menores, muitas vezes com apoiantes socialmente distantes pelos aconselhados dois metros de segurança e a usarem máscaras faciais. Além disso, fez vários discursos de campanha perto de casa, em Delaware.
Biden denunciou de forma implacável a forma como Trump lidou com a pandemia nos EUA e afirmou que o até aqui presidente não merece continuar à frente da Casa Branca depois de o número de mortes no país ser o mais elevado do mundo, com mais de 230 vítimas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Trump «acenou com a bandeira branca» numa rendição ao novo coronavírus, disse.
Reformas
Trump acusou Biden de representar o pior de Washington: um político de carreira. Em dois debates, argumentou que Biden ficaria em dívida para com as opiniões dos democratas mais progressistas se ele fosse eleito e que, entre outras políticas, faria avançar os cuidados de saúde «socializados» e controlados pelo governo.
Biden diz ainda opor-se a uma aquisição governamental dos cuidados de saúde, mas que trabalhará para melhorar a Lei de Cuidados Acessíveis adotada em 2010, durante a administração Obama. Prometeu também que, sendo eleito, nomeará uma comissão bipartidária para estudar as reformas judiciais.
Mas Biden insiste que «não é fã» de uma proposta defendida pela ala progressista democrata de expandir o tamanho da Suprema Corte para nomear juízes mais liberais. Este impulso para «empacotar o tribunal» vem na esteira da confirmação da terceira nomeada de Trump para o tribunal, a juíza Amy Coney Barrett, conservadora convicta, que deixa o tribunal supremo com maioria conservadora de 6 para 3.
Biden fez campanha como um político confiável de centro-esquerda. Apoia e representa programas ambientais aprimorados e o reatar de relações com os tradicionais aliados externos dos norte-americanos.
Num ano marcado pela morte brutal de um homem negro, George Floyd, enquanto estava sob custódia da polícia de Minneapolis, e a subsequente onda de protestos, agitação civil e violência em todo o país, Biden apresentou e defendeu propostas detalhadas para promover a equidade económica racial e a reforma do sistema de justiça criminal e pediu desculpa por ter apoiado a legislação anti-crime de 1994 que endureceu substancialmente as sentenças por posse de crack, o que puniu desproporcionalmente a comunidade negra. Na altura, Biden era presidente do Comité Judiciário do Senado.
A alma da América
Ao longo de meses de campanha, Biden prometeu acabar com a administração «aberrante» de Donald Trump. «Estamos numa batalha pela alma da América», considerava Biden. «Está na altura de nos lembrarmos de quem somos. Somos americanos: fortes, resilientes, mas sempre cheios de esperança. Este é o momento de tratarmos uns dos outros com dignidade, de construirmos uma classe média que funcione para todos e de lutarmos contra os incríveis abusos de poder a que estamos a assistir.»
«É o momento de cavarmos fundo e de lembrarmos que os nossos melhores dias ainda estão para vir. É o momento para uma liderança respeitada no cenário mundial – e de uma liderança digna em casa.» Sendo eleito, Biden voltará muito provavelmente a aderir aos vários acordos internacionais dos quais Trump se retirou, como o Acordo de Paris sobre mudança climática ou o acordo nuclear com o Irão, que visa restringir o desenvolvimento de armas nucleares de Teerão.
Um braço-direito feminino
Biden prometeu escolher uma mulher como braço-direito para a vice-presidência e cumpriu, ao escolher a senadora californiana Kamala Harris, a primeira mulher negra e sul-asiática-americana numa das principais eleições nacionais dos EUA. É apenas a quarta mulher já selecionada para um cargo nacional e a terceira como braço-direito de um presidente norte-americano.
Kamala Harris, que desistiu da disputa democrata pelas eleições presidenciais antes da realização de quaisquer eleições primárias estaduais, provou ser uma ativista competente, adaptando as posições políticas políticas mais liberais às visões mais centristas de Biden.
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