Junta militar da Guiné-Conacri suspende partidos “sem autorização prévia”
A junta militar no poder na Guiné-Conacri, liderada pelo general Mamadi Doumbouya, ordenou aos movimentos políticos “sem autorização administrativa prévia” que cessem as atividades, depois de indicar que quer organizar eleições este ano
Conacri, 10 jan 2025 (Lusa) – A junta militar no poder na Guiné-Conacri ordenou aos movimentos políticos “sem autorização administrativa prévia” que cessem as atividades, depois de indicar que quer organizar eleições este ano.
Numa declaração lida na televisão nacional na quinta-feira à noite, o ministro da Administração Territorial e Descentralização, Ibrahima Khalil Condé, lamentou “a proliferação de movimentos políticos sem autorização administrativa prévia”.
“Consequentemente, todos estes movimentos políticos são solicitados a cessar imediatamente as suas atividades e a apresentar um pedido de autorização administrativa ao nosso ministério para a sua existência legal”, acrescentou Condé.
Alegando querer “limpar o panorama político”, a junta dissolveu em outubro 53 partidos, suspendeu outros 54 por três meses e colocou outros 67 “sob observação”, incluindo os principais partidos da oposição.
Entre eles a Assembleia Nacional da Guiné, do presidente deposto pelos militares em 2021, Alpha Condé. Os líderes dos principais partidos da oposição estão no exílio.
O anúncio surgiu horas depois de o porta-voz da junta militar ter dito que a Guiné-Conacri poderá realizar eleições presidenciais ou legislativas no último trimestre de 2025, após um referendo para uma nova Constituição.
“As eleições presidenciais ou legislativas poderão ser realizadas em outubro, após um referendo para adotar uma nova Constituição, que será provavelmente em maio”, disse Ousmane Gaoual Diallo.
O porta-voz explicou à Radio France Internationale que, devido à estação das chuvas, não é propício que se organizem eleições antes de outubro.
O general Mamadi Doumbouya, chefe da junta, tinha prometido, na mensagem de Ano Novo, que 2025 seria um “ano eleitoral crucial para completar o regresso à ordem constitucional”.
Diallo, tal como outras pessoas próximas do líder da junta, desejam que Doumbouya seja candidato presidencial, apesar deste ter declarado repetidamente que não se vai candidatar.
A “carta de transição”, elaborada pela junta logo após o golpe de Estado, em setembro de 2021, determina que nenhum membro da junta se deve candidatar às eleições.
No entanto, a adoção de uma nova Constituição na Guiné-Conacri, que faz fronteira com a Guiné-Bissau, poderá resolver essa questão.
Estas afirmações surgiram três dias após uma manifestação da oposição que apelou para a saída da junta e denunciou o exercício cada vez mais autoritário do poder.
Segundo a plataforma da oposição que convocou a manifestação, As Forças Vivas da Guiné, três jovens, incluindo dois menores, “foram mortos a tiro por membros das forças de defesa e segurança”.
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By Impala News / Lusa
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