Kiev lamenta falta de apoio da ONU aos ucranianos presos na Rússia
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou hoje a falta de apoio da ONU e do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no repatriamento dos prisioneiros ucranianos detidos na Rússia.
“Será que atualmente recebemos muita ajuda de organizações como as Nações Unidas ou o Comité Internacional da Cruz Vermelha para proteger e garantir o regresso dos prisioneiros ucranianos detidos na Rússia? De facto, não”, lamentou Zelensky durante um discurso numa conferência sobre direitos humanos em Kiev.
“Todos nós vemos, em especial, como é fraca a resposta do mundo ao que a Rússia está a fazer aos prisioneiros ucranianos. Como ainda há tão poucas vozes no mundo que falam sobre as crianças ucranianas raptadas pela Rússia”, acrescentou o líder ucraniano.
Zelensky acusou ainda os líderes políticos, com capacidade de tomar decisões ou medidas para resolver o conflito, de esquecerem os “grandes crimes de guerra russos”.
Este desafio, acrescentou o governante, “mina os fundamentos morais do mundo democrático”.
“Se a Rússia for autorizada a tratar os ucranianos desta forma, isso será visto como uma autorização para fazer o mesmo a outras nações e povos”, prosseguiu.
Por outro lado, Zelensky agradeceu aos “Estados, líderes e organizações da sociedade civil que se juntaram” aos esforços da Ucrânia “para trazer de volta da Rússia as crianças ucranianas”, apelando à comunidade internacional para ajudar a garantir que “as deportações e os raptos de crianças nunca se tornem uma norma global”.
A Rússia e a Ucrânia já organizaram diversas trocas de prisioneiros de guerra desde o início do conflito, que envolveram milhares de pessoas de ambos os campos beligerantes.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
JYFR // SCA
By Impala News / Lusa
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