Legislativas decorrem hoje na Alemanha mas podem ser precisos meses para formar governo
Cerca de 59,2 milhões de alemães são chamados hoje a votar nas eleições federais antecipadas, em que a oposição conservadora surge como favorita, mas forçada a acordos para formar governo, excluindo a extrema-direita, que deverá duplicar a votação.
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Os eleitores vão escolher os 630 deputados no Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), numas eleições que foram antecipadas em sete meses após o colapso da coligação liderada pelo chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), juntamente com Verdes e liberais do FPD, por falta de acordo quanto a uma reforma do chamado ‘travão da dívida’ para fazer face à recessão que a Alemanha atravessa há dois anos.
As sondagens dão consistentemente a vitória, com cerca de 30%, à União Democrata-Cristã (CDU), que concorre com a sua congénere bávara CSU, candidatando o líder conservador Friedrich Merz a chanceler.
Em segundo lugar nas intenções de voto, a Alternativa para a Alemanha (AfD) deverá tornar-se a principal força da oposição, com uma votação de cerca de 20%, o dobro de 2021, já que todos os restantes partidos recusam acordos com a extrema-direita, impondo um ‘cordão sanitário’.
O SPD de Scholz tem uma ligeira vantagem (15%) sobre os Verdes (13%), que candidatam o atual vice-chanceler e ministro da Economia, Robert Habeck.
A votação dos partidos mais pequenos será determinante para os resultados dos principais partidos e para a formação de coligações governamentais, um processo que pode durar meses – Merz disse que gostaria de ter o governo formado até ao final de abril.
A esquerda deverá continuar no parlamento, com as sondagens a atribuírem-lhe uma subida para os 7%, acima do limiar dos 5% necessários para entrar no Bundestag. Já o partido liberal FPD luta pela sobrevivência, não ultrapassando os 4% das intenções de voto.
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, populista de esquerda), criada há um ano como dissidência de A Esquerda, não tem entrada garantida no parlamento, rondando os 5% nas sondagens.
Nas últimas eleições para o Bundestag, em setembro de 2021, o SPD teve 25,7% dos votos, seguido da União (24,2%), Verdes (14,7%), FDP (11,4%), AfD (10,4%) e A Esquerda (4,9%).
A campanha foi marcada pelo debate sobre a imigração ilegal, com todos os partidos a defender o reforço do controlo, após ataques de requerentes de asilo.
As eleições decorrem num contexto de crise económica, após dois anos de recessão, com as exportações, principal motor da maior economia da Europa, altamente penalizadas pela concorrência chinesa e ameaçadas pelas tarifas anunciadas pela nova administração norte-americana, desde a posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos.
JH // VAM
By Impala News / Lusa
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