Legislativas: Mortágua critica Governo por “gastar mais dinheiro em armas”
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou hoje que “não faz sentido” que o Governo entenda “gastar mais dinheiro em armas”, isento das regras do défice, num país “com tantas necessidades de investimento”.

“Perante o preço das casas a subir, perante urgências fechadas e problemas na saúde”, disse Mariana Mortágua, em Beja, o Governo “decide que o investimento a fazer é em armamento”.
“E, portanto, se há uma área que vai isentar das regras do défice, é o armamento. Ora, não faz nenhum sentido que, num país onde há tantas necessidades de investimento, e nós hoje estamos em Beja e sabemos como isso é verdade, na ferrovia, na habitação, na saúde, se entenda que [a prioridade seja] gastar mais dinheiro em armas”, argumentou.
A coordenadora do BE falava em Beja, numa iniciativa com imigrantes e ativistas e na inauguração da sede do partido para as eleições legislativas de 18 de maio.
Questionada pelo jornalistas, a dirigente do Bloco de Esquerda reagia às declarações feitas hoje pelo primeiro-ministro que confirmou que Portugal pediu em Bruxelas para que seja acionada a cláusula de salvaguarda, excetuando das regras orçamentais europeias, designadamente da contabilização para efeitos de défice, investimentos a realizar em Defesa nos próximos anos.
Esta linha seguida pelo executivo português foi assumida por Luís Montenegro em declarações à porta da Nunciatura Apostólica da Santa Sé, em Lisboa, onde assinou o livro de condolências pela morte do Papa.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro referiu que o Governo já teve a ocasião de informar o PS, a maior força política da oposição, sobre o procedimento que o executivo pediu junto da Comissão Europeia para ativar a cláusula salvaguarda.
Para Mariana Mortágua, “entender que a prioridade é gastar dinheiro em armas é o mesmo que dizer às pessoas que a saúde, que a habitação, que a educação não são uma prioridade e que não vão ter o investimento que é necessário”.
E, “é preciso neste tempo, em que há unanimismos em torno desta corrida para a guerra errada e que não é baseada em factos, que alguém diga a verdade e que alguém diga o que tem que ser dito”.
“Nós não precisamos de mais armas. Nós precisamos de mais casas, de mais camas de hospital, de mais professores, de mais escolas, de mais serviços públicos, de mais investimento”, contrapôs.
Questionada pela Lusa sobre o facto de Luís Montenegro ter dito que o investimento em Defesa não vai comprometer o Estado social, a coordenadora do BE contrariou esta afirmação do primeiro-ministro: “É óbvio que põe”.
“Se há capacidade de investimento e se esse investimento não está a ser feito nas áreas prioritárias, quer dizer que os recursos que nós temos estão a ser desviados”, afirmou, questionando porque é que Portugal não faz antes investimentos que protejam o país no futuro em vez de entrar “nesta corrida absurda, que não tem qualquer racionalidade, ao armamento, que só vai alimentar uma indústria, alemã e francesa, ligada às armas e ao armamento”.
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By Impala News / Lusa
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