Legislativas: Costa afirma que não se pode apontar o dedo a Marcelo e compreende recurso a eleições
Costa disse compreender a decisão do Presidente da República de convocar eleições antecipadas, considerando que não se pode apontar-lhe o dedo após uma crise gerada por um Orçamento chumbado
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje compreender a decisão do Presidente da República de convocar eleições legislativas antecipadas, considerando que não se pode apontar-lhe o dedo depois de uma crise gerada por um Orçamento chumbado logo na generalidade.
Esta posição foi defendida por António Costa em entrevista à RTP, durante a qual procurou frisar que a decisão de PCP, PEV e Bloco de Esquerda de votarem contra o Orçamento logo na generalidade significou “uma rejeição liminar das linhas gerais de orientação do Governo”. “Havendo uma rejeição de fundo — aliás, sobre outras matérias que não tinham a ver com o Orçamento -, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entendeu que isso significava que a base política em que este Governo assentava tinha desaparecido e, portanto, fazia sentido ir para eleições”, observou o líder do executivo.
António Costa disse depois compreender a decisão do chefe de Estado de dissolver o parlamento e de convocar eleições antecipadas a seguir ao chumbo da proposta do Governo de Orçamento. “Ninguém gosta destas eleições antecipadas. Sinceramente, acho que não é possível apontar o dedo ao Presidente da República. Acho que o Presidente da República, perante as circunstâncias com que foi confrontado pelos partidos, não lhe restava escolher a menos má de todas as más soluções”, sustentou. De acordo com o primeiro-ministro, “a solução boa era ter havido um Orçamento viabilizado, sem colocar em causa o futuro do país”.
Antes, nesta entrevista, António Costa já tinha defendido que, durante as negociações, o Governo “foi até ao limite dos limites”, mas não podia aceitar exigências do PCP sobre o aumento do salário mínimo para os 800 euros mensais e do Bloco de Esquerda sobre o fim da aplicação do fator de sustentabilidade do sistema público de Segurança Social para cidadãos com 60 anos de idade e 40 anos de carreira contributiva. “Um Orçamento bom para o país não é um Orçamento que colocaria em causa o futuro da Segurança Social, ou um Orçamento que ameaça o emprego e a viabilidade económica das empresas”, criticou.
Questionado sobre a escolha do Presidente da República de convocar eleições para 30 de janeiro próximo, quando o PS tinha proposto o dia 16 desse mês, o líder socialista desvalorizou essa questão. “Quanto mais depressa melhor, mas o que é preciso é que todos se sintam bem e confortáveis. A data não é a questão fundamental. A questão fundamental que se coloca aos portugueses é saberem que Governo querem e em que condições desejam que governe”, acrescentou.
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