Líder da ASEAN pede vigilância na era pós-covid

O primeiro-ministro cambojano disse aos líderes do Sudeste Asiático que, apesar das economias da região estarem a recuperar gradualmente da crise provocada pela covid-19, há ainda muito trabalho a fazer

Líder da ASEAN pede vigilância na era pós-covid

O primeiro-ministro cambojano disse aos líderes do Sudeste Asiático que, apesar das economias da região estarem a recuperar gradualmente da crise provocada pela covid-19, há ainda muito trabalho a fazer Hun Sen falava durante a cerimónia oficial de abertura da cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual o Camboja detém a presidência rotativa.

O anfitrião advertiu que a região está “agora no momento mais incerto”, uma vez que procura promover “a paz, a segurança e o crescimento sustentável”. “Estamos agora a aproveitar os frutos dos nossos esforços e a avançar para um crescimento sustentável”, disse.

“Devemos estar sempre vigilantes, pois a atual situação socioeconómica na ASEAN, bem como em todo o mundo, permanece frágil e dividida”, continuou Hun Sen. “Há um ditado que diz que as catástrofes e crises podem fazer sobressair o melhor das pessoas”, acrescentou. E concretizou: “Neste contexto, acredito que todos nós, hoje aqui reunidos, partilhamos o sentimento de urgência de trabalharmos em conjunto”.

Na cimeira da ASEAN, que decorre até domingo, os líderes das nações presentes vão discutir questões regionais, mas também a guerra na Ucrânia e as repercussões do conflito a nível global.

Trata-se da primeira de três reuniões internacionais que nos próximos dias levarão ao Sudeste Asiático vários líderes mundiais, alguns dos quais após terem estado na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), no Egito. Depois de Phnom Penh, realiza-se a cimeira do grupo das economias mais desenvolvidas (G20), na ilha indonésia de Bali (15 e 16), seguida de uma reunião da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), na capital da Tailândia, Banguecoque.

A ASEAN, fundada em 1967, integra atualmente 10 países: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Singapura, Tailândia e Vietname. Além de líderes do bloco asiático, estarão em Phnom Penh outros dirigentes como o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ou o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, em representação do líder Xi Jinping.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, é um dos grandes ausentes, não só dos encontros da ASEAN, mas também do G20 e da APEC. Putin será representado em Phnom Penh e em Bali pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, e em Banguecoque pelo vice-primeiro-ministro Andrei Belousov. Deste modo, Putin não estará na sala da ASEAN para ouvir o seu homólogo ucraniano, se se confirmar a intervenção de Volodymyr Zelensky por videoconferência a convite do primeiro-ministro do Camboja.

O Camboja ofereceu-se, na semana passada, para facilitar um encontro entre a Rússia e a Ucrânia, mas não recebeu qualquer resposta, segundo a agência espanhola EFE. O chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, também está em Phnom Penh, onde já assinou o instrumento de adesão ao tratado do Sudeste Asiático, que rege as relações diplomáticas com a ASEAN.

A ASEAN promove nestas ocasiões reuniões bilaterais com os seus parceiros de diálogo, incluindo ONU, China, Japão, Canadá, Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos. O outro ausente de Phnom Penh é o líder junta militar no poder em Myanmar, o general Min Aung Hlaing. Neste caso, não resulta de vontade própria, mas de uma punição dos seus pares da ASEAN pelas dificuldades em negociar uma saída para a crise desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021.

Myanmar é, aliás, um dos temas da cimeira regional, bem como a ameaça de testes de mísseis pela Coreia do Norte, as disputas de soberania no Mar do Sul da China ou a rivalidade comercial e diplomática entre Washington e Pequim. A nível global, o tema mais mediático deverá ser mesmo a guerra que a Rússia iniciou na Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, bem como os seus efeitos, desde as preocupações com energia, alimentação, inflação e condições de vida em muitos países.

 

 

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