Líderes religiosos pedem a Trump para não recorrer a pena de morte
Mais de um milhar de líderes religiosos norte-americanos pediram hoje ao Presidente Donald Trump para abandonar a retoma das penas de morte federais, programadas para a partir da próxima semana.
No final de junho, o Supremo Tribunal dos EUA recusou travar a pena de morte para quatro presos federais, que irão ser executados em julho e agosto, admitindo uma prática que o Governo de Donald Trump tinha decidido retomar, em 2018.
Estas execuções ficarão marcadas como sendo a primeira vez que a pena de morte é usada a nível federal, desde 2003, depois de os juízes do Supremo terem rejeitado o recurso destes quatro reclusos, condenados por matarem crianças.
Hoje, cerca de mil líderes religiosos, incluindo bispos católicos e evangélicos, divulgaram um comunicado em que pedem ao Governo para renunciar a esta prática, com a primeira das quatro execuções marcada para o próximo dia 13.
“Enquanto o nosso país lida com a pandemia de covid-19, uma crise económica e racismo sistemático no sistema de justiça criminal, devemos concentrar-nos em proteger a vida, não a morte”, pode ler-se no comunicado.
“Como evangélico, o meu coração está partido ao ver o meu país querer matar os seus cidadãos, novamente. Já tivemos tantas mortes nos últimos meses”, disse Carlos Malavé, diretor executivo da organização de igrejas cristãs nos EUA.
Os presos que serão executados são: Danny Lee, que foi condenado no Arkansas por matar uma família de três pessoas, incluindo uma criança de 8 anos; Wesley Ira Purkey, do Kansas, que estuprou e matou uma jovem de 16 anos e matou uma mulher de 80; Dustin Lee Honken, que matou cinco pessoas no Iowa, incluindo duas crianças; e Keith Dwayne Nelson, que sequestrou uma menina de 10 anos que estava a andar de patins em frente a casa, no Kansas, tendo sido estuprada numa floresta atrás de uma igreja antes de ser estrangulada com um arame.
Três das execuções – para Lee, Purkley e Honken – estão agendadas com intervalos de um dia, a partir de 13 de julho; a execução de Nelson foi agendada para 28 de agosto.
A mãe de um dos condenados implorou a Donald Trump para que lhe concedesse clemência, mas o Presidente ainda não respondeu ao apelo.
Donald Trump, que vai concorrer a um novo mandato nas eleições presidenciais de novembro próximo, tem pedido o aumento do uso da pena de morte, sobretudo perante assassinos de polícias ou traficantes de drogas.
Nos últimos 45 anos, apenas três pessoas foram executadas, a nível federal, incluindo Timothy McVeigh, responsável pelo atentado a bomba em Oklahoma City (que provocou 168 mortos, em 1995) em 2001.
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