Livre diz-se “preparado para tudo” mas aguarda o “tempo do PR”
O Livre considerou que o país está hoje numa “situação grave e séria”, diz estar preparado para todos os cenários, mas escusou-se a falar em eleições antecipadas por considerar que este é ainda “o tempo do Presidente de República”.
Em declarações aos jornalistas, o deputado único Rui Tavares admitiu a sua surpresa com todos os acontecimentos que hoje levaram o primeiro-ministro a anunciar a sua demissão, mas salientou que “não há nenhuma situação que o povo não possa gerir”.
“É sério que esta demissão tenha acontecido pelos motivos que sucedeu e acerca dos quais esperamos saber mais num futuro próximo”, afirmou.
O primeiro-ministro anunciou hoje que apresentou a sua demissão ao Presidente da República após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Rui Tavares defendeu que também os partidos políticos devem “contribuir para ajudar a resolver a situação”, mas considerou que ainda se está “no tempo do Presidente da República”, que irá ouvir os partidos na quarta-feira e o Conselho de Estado no dia seguinte.
“O Livre fará dez anos para a semana, no dia 16 de novembro, e o primeiro passo que vamos fazer é escutar os nossos concidadãos para preparar o futuro que aí vem, num ciclo político que ganhou muita velocidade”, disse.
Em termos internos, Rui Tavares disse ainda que “nas próximas horas, nos próximos dias” o Livre irá reunir a sua direção.
Questionado se está preparado para eleições antecipadas, o deputado único respondeu que o partido “está preparado para todos os desafios” e até admitiu que esse sufrágio poderia dar ao Livre um grupo parlamentar.
“O Livre não é um partido incendiário numa situação que já é inflamável no nosso país e respeita os órgãos de soberania e este é o tempo do Presidente da República”, disse, dizendo que “antes do Livre, está o país”.
Numa comunicação ao país, a partir da sua residência oficial, em São Bento, Lisboa, o primeiro-ministro justificou a sua decisão afirmando que “as funções de primeiro-ministro não são compatíveis com a suspeita de qualquer ato criminal”.
A comunicação ao país de António Costa acontece também na sequência de buscas em São Bento, visando o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, e membros do seu Governo.
António Costa apresentou a demissão ao fim de quase oito anos em funções como primeiro-ministro, cargo para o qual foi empossado em 26 de novembro de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Na fase de respostas aos jornalistas, Costa assegurou que não vai recandidatar-se ao cargo se o chefe de Estado convocar eleições legislativas antecipadas.
Numa nota oficial, o Presidente da República já informou que aceitou a demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro e convocou os partidos com assento parlamentar para quarta-feira e o Conselho de Estado para quinta-feira e falará ao país a seguir.
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