Luanda volta a acolher Presidentes da RDCongo e do Ruanda para conversações de paz
Os Presidentes do Ruanda, Paul Kagame, e da Republica Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, voltam hoje a encontrar-se em Luanda, numa cimeira tripartida mediada pelo chefe de Estado angolano, para encontrar soluções para a paz na RDCongo.
Angola tem acolhido desde 2020 várias cimeiras para alcançar a paz na região, no quadro dos esforços regionais promovidos pelas organizações em que está inserida, como a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e a União Africana (UA), e pretende dar um novo fôlego às rondas negociais para pôr fim às tensões entre os dois países.
O Presidente angolano, João Lourenço, na qualidade de mediador indicado pela União Africana, tem tentado alcançar um cessar-fogo entre os grupos armados que operam no leste da RDCongo, apelando ao diálogo entre as partes envolvidas e promovendo iniciativas para estabilizar a região dos Grandes Lagos, entre as quais o Processo de Luanda.
No mês passado, a RDCongo e o Ruanda chegaram a um acordo sobre um plano para desmantelar o grupo rebelde Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR).
Trata-se de um passo fundamental no caminho para a paz no leste da RDCongo, onde operam dezenas de grupos rebeldes, já que o fim das FDLR é uma exigência do Governo ruandês, que colabora com o Movimento 23 de Março (M23), que está em conflito com o exército regular congolês.
Embora as autoridades ruandesas neguem a alegada colaboração de Kigali com o M23, este facto foi confirmado pela ONU.
Num relatório divulgado em julho, investigadores do Conselho de Segurança das Nações Unidas declararam haver 3.000 a 4.000 soldados ruandeses a combater ao lado dos rebeldes do Movimento 23 de Março contra o exército congolês no leste da RDCongo.
Segundo os investigadores, o exército ruandês assumiu “de facto o controlo e a direção das operações do M23” e a sua intervenção militar “foi decisiva para a significativa expansão territorial conseguida entre janeiro e março de 2024”.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com os rebeldes das FDLR, fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e por outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país, colaboração também confirmada pela ONU.
Em 30 de julho, as delegações da RDCongo e do Ruanda assinaram em Luanda um acordo de cessar-fogo entre as Forças Armadas da RDCongo (FARDC) e o M23, que entrou em vigor na madrugada de 04 de agosto e que foi violado em várias ocasiões.
A atividade armada do M23 foi reativada em 2022 após anos de relativa calma e, desde então, o grupo avançou em várias frentes para se posicionar perto da cidade de Goma, nas margens do lago Kivu, que ocupou durante dez dias em 2012.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de paz da ONU no país.
RCR // MLL
By Impala News / Lusa
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