Mais de 1.680 crianças raptadas na Nigéria desde 2014

Mais de 1.680 crianças, em idade escolar, foram sequestradas na Nigéria desde o rapto de 276 raparigas de Chibok pelo Boko Haram em 2014, segundo uma publicação, hoje divulgada, do Instituto de Estudos de Segurança.

Mais de 1.680 crianças raptadas na Nigéria desde 2014

“Só em 2024, o Boko Haram raptou mais de 400 pessoas, principalmente mulheres e crianças em idade escolar, de um campo de deslocados internos no estado de Borno”, adiantou o ISS.

“O que começou como raptos ideológicos por extremistas transformou-se em operações de procura de resgate por grupos criminosos transfronteiriços”, acrescentou.

Também em 2024, alertou o ISS, “militantes da Ansarul Muslimina Fi Biladis Sudan, ligada à Al-Qaida, raptaram 287 estudantes e funcionários de uma escola do estado de Kaduna, exigindo um resgate de cerca de 576 mil euros pela sua libertação”. Homens armados raptaram, ainda segundo o ISS, 17 estudantes do dormitório de um colégio interno só para raparigas no estado de Sokoto.

Os ataques são executados por redes de extremistas violentos e grupos criminosos transnacionais, diz Fidel Amakye Owusu do Conflict Research Consortium for Africa, citado pelo ISS.

Já para o comentador político e académico jurídico Alfred Abhulimhen-Iyoha, também citado pelo ISS, os raptos tornaram-se num crime lucrativo e de baixo risco. Os perpetradores exploram a fraca capacidade do Estado e os refúgios transfronteiriços para raptar estudantes e professores a troco de um resgate, referiu o académico.

Para o Instituto de Estudos de Segurança, o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, reconhece a gravidade do problema, “salientando que a pobreza, a frustração e as dificuldades económicas alimentam os raptos como estratégia de sobrevivência e como meio de afirmação de poder”.

No seu discurso de tomada de posse em maio de 2023, e novamente no 10.º aniversário do rapto das raparigas de Chibok, Tinubu prometeu, lembrou ISS, aumentar o “custo” para os criminosos e comprometendo-se “a melhorar a recolha de informações, a reforçar a aplicação da lei e a utilizar tecnologias de vigilância sofisticadas para prender e processar rapidamente os raptores, com penas mais severas”.

Os raptos em massa recorrentes aumentaram o absentismo nas escolas, tendo o Fundo das Nações Unidas para a Infância referido que, em 2022, uma em cada três crianças nigerianas não frequentava a escola, sublinhou o instituto.

Os raptos escolares numa indústria criminosa comercializada estão assim a agravar a crise de segurança da Nigéria e desestabilizar o seu sistema educativo, concluiu, salientando que o Governo da Nigéria implementou várias estratégias para combater os raptos nas escolas, mas “os críticos dizem que estes esforços são reativos, de curto prazo e ineficazes”.

Na avaliação do ISS, as operações de salvamento conduzidas pelos serviços de informação garantiram ocasionalmente a libertação dos estudantes, mas os recursos limitados, a falta de coordenação e o terreno difícil impedem o êxito, especialmente em zonas remotas onde os raptos são frequentes.

MAV // JMC

By Impala News / Lusa

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