Mais de mil civis detidos arbitrariamente no Sudão do Sul em 17 meses

Cerca de 1.140 civis no Sudão do Sul, incluindo mulheres e crianças, foram arbitrariamente detidos entre janeiro de 2023 e maio de 2024, denunciaram hoje as Nações Unidas, que acusam as autoridades de violarem os direitos humanos.

Mais de mil civis detidos arbitrariamente no Sudão do Sul em 17 meses

Os dados foram hoje divulgados num relatório conjunto do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e da Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) que contabilizou 1.140 civis arbitrariamente presos e detidos “por vários períodos” entre janeiro de 2023 e maio de 2024, no país mais jovem do mundo.

Entre os detidos, segundo a ONU, estavam “membros da oposição política ou pessoas consideradas ligadas a esta” e pelo menos 87 crianças e 162 mulheres – a maior parte das quais detidas por recusarem casamentos forçados, pedirem o divórcio ou por alegado adultério, por vezes durante semanas – e ainda pessoas portadoras de deficiência. 

O relatório especifica que, incluindo pessoas com deficiência, foram detidas sem serem consideradas criminalmente responsáveis e, em muitos casos, sem terem cometido qualquer crime, bem como opositores políticos.

“Este relatório é apenas a ponta do icebergue do considerável sofrimento humano causado pelas práticas de detenção arbitrária, tanto no contexto do conflito armado como da significativa fraqueza do setor judicial”, acrescentou a ONU.

A maior parte das detenções foram efetuadas por agências de segurança governamentais e outras por grupos não estatais, segundo o relatório.

“As condições de detenção são duras, em instalações sobrelotadas, e põem em perigo a vida dos detidos”, condenou a ONU, que documentou dezenas de casos de tortura, tratamento cruel e violência sexual.

Num comunicado de imprensa, o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, apelou “às autoridades do Sudão do Sul para que libertem todas as pessoas arbitrariamente privadas de liberdade e levem a tribunal os responsáveis por estas violações e abusos”.

Em setembro, o governo do Sudão do Sul anunciou um novo adiamento de dois anos das primeiras eleições da história do país, previstas para dezembro.

O Sudão do Sul, independente desde 2011, é um dos países mais pobres do mundo, apesar das suas grandes reservas de petróleo, e é atormentado por uma violência regular e variada, além de calamidades climáticas.

 

NYC // ANP

By Impala News / Lusa

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