Manifestantes forçam entrada do palácio presidencial na Cidade do México
Várias dezenas de pessoas que se manifestavam contra o desaparecimento em 2014 de 43 estudantes de uma escola para professores primários da localidade de Ayotzinapa, sudoeste do México, derrubaram hoje as portas do palácio presidencial na capital do país.
Segundo imagens da televisão Milenio transmitidas a partir da Cidade do México, eram visíveis manifestantes a utilizar uma camioneta que forçou a porta, antes de alguns dos presentes, de cara encoberta, entrarem no palácio presidencial, quando decorria a habitual conferência de imprensa diária do Presidente em funções Andrés Manuel Lopéz Obrador.
O Presidente mexicano denunciou uma “provocação”, na qual também terão participado familiares dos estudantes, e quando a campanha eleitoral se iniciou na passada sexta-feira para designar o seu sucessor em 02 de junho.
“É um movimento contra nós”, disse durante a conferência de imprensa ao comentar os protestos.
“Queriam que respondêssemos de forma violenta. Não vamos fazê-lo porque não somos opressores”, prosseguiu. “Vamos reparar a porta e não haverá problema”, assegurou.
A candidata do partido no poder, Claudia Sheinbaum, é a grande favorita da eleição presidencial, impulsionada pela popularidade do Presidente cessante que não se pode recandidatar após um mandato único de seis anos, segundo a Constituição.
López Obrador assegurou que os manifestantes serão recebidos por um representante do Ministério do Interior. Considerou ainda que os advogados e ativistas que acompanhavam os familiares próximos dos jovens desaparecidos estavam motivados por “objetivos políticos”.
Em 2022, a Comissão para a Verdade e Acesso à Justiça, criada em 2018 pelo atual Presidente que se comprometeu a esclarecer estes acontecimentos e encontrar os jovens, concluiu que o grupo criminal Guerreros Unidos esteve envolvido no desaparecimento dos estudantes, para além de “funcionários de várias instituições estaduais e federais”, no que definiu como um “crime de Estado”.
A Comissão também concluiu “que autoridades federais e estaduais do mais alto nível foram omissas e negligentes” e acusou-as de “alterar fatos e circunstâncias” para estabelecer uma conclusão “alheia à verdade”.
Na ocasião, Alejandro Encinas, subsecretário para os direitos humanos do Governo, admitiu “não existirem indícios” de que de que algum dos estudantes estivesse vivo.
No dia 26 de setembro de 2014, estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, desapareceram em Iguala, estado de Guerrero (sudoeste) onde se preparavam para seguir de camioneta em direção à Cidade do México para participar numa manifestação, no decurso do consulado do então Presidente conservador Henrique Peña Nieto.
A versão oficial concluiu que os estudantes foram levados pela polícia e entregues ao cartel de narcotráfico Guerreros Unidos, que os assassinou.
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By Impala News / Lusa
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