Mercearia solidária em Ponta Delgada “é boia de salvação” para famílias carenciadas
Inaugurada há um mês, a mercearia solidária do bairro social Santo António, em Ponta Delgada, nos Açores, tem clientes fidelizados e é uma “boia de salvação” para os moradores, a maioria em situação de desemprego e com baixos rendimentos.
Mercearia solidária em Ponta Delgada “é boia de salvação” para famílias de fracos recursos. O projeto nasceu pelas mãos da associação Solidaried’Arte, para proporcionar aos habitantes do bairro na freguesia do Livramento, concelho de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, alimentos de primeira necessidade a preços mais baixos do que os praticados no mercado. “Essa mercearia é um pouco uma boia de salvação”, disse à agência Lusa Carmen Bettencourt, coordenadora do projeto da mercearia solidária e comunitária.
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Além de proporcionar preços mais baixos num bairro onde existem “dificuldades socioeconómicas e várias problemáticas”, como o desemprego, o projeto tem outra mais-valia identificada pela responsável: evita a deslocação dos moradores para pequenas compras do dia-a-dia. “Na maioria, estas pessoas não têm transporte próprio. Estão distantes das lojas e os horários dos autocarros não são muito compatíveis com a população”, acrescentou a coordenadora do projeto.
Com a ajuda de voluntários e crianças do bairro, os responsáveis instalaram a mercearia solidária em contentores cedidos pela autarquia de Ponta Delgada. No interior, as prateleiras exibem dezenas de produtos de primeira necessidade, como alguns enlatados, leite, massas ou fraldas e ainda artigos de higiene. Existem também produtos frescos, fruto de uma parceria com o projeto de inclusão social Casa dos Manaias, desenvolvido pela autarquia de Ponta Delgada, e que tem uma horta.
Segundo Carmen Bettencourt, esses produtos cultivados são adquiridos pela associação para comercialização na mercearia, onde também estão à venda algumas peças de cerâmica elaboradas pelos utentes do projeto Casa dos Manaias. “A ideia é termos os bens de primeira necessidade para qualquer morador, no seu dia a dia. Se faltar, por exemplo polpa tomate para o jantar, já têm um local bem perto, em vez de andarem quilómetros”, explicou.
Entre os produtos mais solicitados, segundo a responsável, estão “artigos mais pesados”, como as caixas de pó para a máquina de lavar roupa ou “vários pacotes de leite. “Estamos a apostar um pouco naquilo que a população pede”, assinalou.
A mercearia já conta com “cerca de 10 clientes fidelizados” que compram regularmente determinados produtos. “Acreditamos que, no futuro, essa fidelização será em maior número”, referiu a responsável do projeto, implementado num bairro onde residem 64 famílias. A mercearia solidária abre três vezes por semana, às terças, quintas e sextas-feiras, entre as 10:00 e 12:30. “Este horário vai ao encontro das necessidades da população, na sequência de um questionário que elaboramos junto dos moradores”, explicou Carmen Bettencourt.
O acesso é exclusivo para os 64 agregados familiares que residem no bairro, mediante a apresentação de um cartão próprio para as compras. “Numa fase inicial, os moradores foram à Junta de Freguesia solicitar um atestado de residência que comprova a composição do agregado familiar e ficaram com um cartão de acesso à mercearia”, especificou a coordenadora do projeto.
Para a associação Solidaried’Arte, a intenção “não é fazer concorrência desleal” ao mercado, mas “ajudar” as famílias de fracos recursos. “Estamos aqui de ombro a ombro com a população e nunca com o objetivo de lucro. A percentagem que conseguimos angariar será toda aplicada na compra de mais produtos para a mercearia, porque não vivemos apenas de doações”, frisou Carmen Bettencourt.
Outra das ideias do projeto da mercearia solidária e comunitária passa também por promover uma educação ambiental, sensibilizando a população para a aquisição de produtos frescos. “Selecionamos, por mês, um produto e colocamos em exposição receitas de culinária que podem ser feitas com o produto selecionado”, descreveu. A coordenadora considera que “já se criou uma relação com a população”. “E somos muito bem aceites”, assegurou.
Além da parceria com a Câmara Municipal de Ponta Delgada, o projeto é financiado pela Direção Regional da Juventude, através do programa Jovens Mais.
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