Migrações: Amnistia Internacional exige fim das deportações de haitianos

A Amnistia Internacional pediu hoje aos países do continente americano, especialmente aos Estados Unidos e ao México, para pararem com as deportações de haitianos, denunciando as “violações de direitos humanos” de que são vítimas estas pessoas.

Migrações: Amnistia Internacional exige fim das deportações de haitianos

A Amnistia Internacional pediu hoje aos países do continente americano, especialmente aos Estados Unidos e ao México, para pararem com as deportações de haitianos, denunciando as “violações de direitos humanos” de que são vítimas estas pessoas. “Hoje apelamos aos Estados da região para que acabem com as deportações para o Haiti e apliquem urgentemente medidas de proteção para os haitianos, incluindo asilo e outras vias de residência legal para que estas pessoas possam reconstruir as suas vidas em segurança”, declarou a diretora da organização internacional de defesa dos direitos humanos para as Américas, Erika Guevara Rosas, citada pelas agências internacionais.

A Amnistia Internacional e a organização Haitian Bridge Alliance publicaram hoje um relatório que denuncia situações que envolveram migrantes haitianos na cidade mexicana de Tapachula, na fronteira com a Guatemala. O documento concluiu que “o México está a tomar medidas que, na prática, podem estar a restringir o acesso à proteção dos haitianos”, nomeadamente “devoluções ilegais” sem possibilidade de recurso ou sem acesso aos devidos apoios.

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“Enquanto a situação política e económica continua a deteriorar-se no Haiti, o que facilita violações em massa dos direitos humanos, sequestros e violência generalizada, os Estados do continente americano não estão a proteger os migrantes haitianos, que procuram estabilidade e segurança”, lamentou a representante da Amnistia Internacional, que denunciou igualmente que os haitianos em trânsito no continente americano são alvo de detenções ilícitas e de discriminação racial.

Segundo os dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), citados pela Amnistia Internacional, os países do continente americano deportaram para o Haiti, entre 19 de setembro e 19 de outubro, um total de 10.800 pessoas, a maioria a partir dos Estados Unidos.

Em setembro passado, imagens divulgadas a nível internacional mostraram agentes da patrulha de fronteira dos Estados Unidos a dispersarem de forma violenta migrantes haitianos que se concentravam na zona de Del Rio, no Texas, na fronteira com o México. Estas imagens, que mostravam agentes fronteiriços, a cavalo, a gritarem e a recorrerem a chicotes para dispersar os migrantes, voltaram a colocar o êxodo que esvazia há uma década o Haiti, o país mais pobre da América, na atualidade internacional.

Muitos refugiados haitianos que vivem há vários anos em países da América do Sul procuram agora entrar no território norte-americano, devido à crise pandémica e ao endurecimento das políticas de migração.

O Haiti regista graves problemas económicos, políticos, sociais e de insegurança, nomeadamente com raptos para a obtenção de resgates realizados por gangues que quase sempre ficam impunes. O país ainda tenta recuperar do devastador terramoto de 2010 e do furacão Matthew em 2016. O clima de crise agravou-se ainda mais com o assassínio, em julho passado, do chefe de Estado do Haiti, Jovenel Moise, e com o forte sismo que atingiu, em agosto, o país.

 

 

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