MNE alemã acusa Rússia de fugir a negociações de cessar-fogo
A chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, acusou hoje o Presidente russo, Vladimir Putin, de “jogar com o tempo” e de “fugir” às negociações sobre um acordo de cessar-fogo na Ucrânia, durante uma visita a Kiev.

“O Presidente russo está a fugir às negociações, continua a sua guerra de agressão, que é contrária ao direito internacional, e intensifica os seus ataques brutais e ameaçadores aos lares”, disse a ministra cessante, durante uma conferência de imprensa com o seu homólogo ucraniano, Andriï Sybiga, afirmando que a Rússia quer “aniquilar” a Ucrânia.
Annalena Baerbock acusou também o Kremlin de não cumprir a moratória que visa uma trégua temporária acordada entre a Rússia e a Ucrânia de não atacarem infraestruturas energéticas dos países.
Na manhã da chegada da delegação alemã, que não foi anunciada, um ataque russo à cidade de Kherson, no sul do país, deixou 45.000 habitantes sem eletricidade.
“O exército russo não respeitou o cessar-fogo parcial e atacou infraestruturas energéticas em regiões como Kharkiv, no nordeste da Ucrânia”, adiantou a ministra.
Putin recusou em 11 de março uma suspensão incondicional do conflito proposta pelos Estados Unidos e concordou apenas com uma moratória sobre as instalações de energia.
“Putin não é de confiança”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, acrescentando que uma paz justa só será possível quando o Presidente russo compreender que não pode ganhar a guerra.
O chefe da diplomacia ucraniana acusou Moscovo de, mais uma vez, “violar” o acordo de trégua parcial.
Já o ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, acusou também hoje a Ucrânia de “atacar unilateralmente” as instalações energéticas russas diariamente, apesar da moratória durante uma reunião do Conselho de Segurança.
Sybiga reagiu também ao novo projeto de acordo sobre minerais estratégicos que Washington está a tentar concluir com Kiev, à custa de fortes pressões, e que daria aos Estados Unidos acesso a recursos naturais ucranianos raros em troca de apoio militar.
“É também importante sublinhar que este acordo, sobre o qual iniciámos negociações, não pode de forma alguma contradizer o nosso caminho para a integração europeia, a nossa integração na União Europeia”, advertiu o ministro durante esta conferência de imprensa.
Baerbock disse que os europeus entendem que, para acabar com a guerra, a Ucrânia deve ser fortalecida e que as sanções contra a Rússia não podem ser relaxadas até que haja paz.
Esta é a nona visita de Annalena Baerbock à Ucrânia desde o início da ofensiva russa, em 24 de fevereiro de 2022. A visita acontece um dia depois do terceiro aniversário do massacre de centenas de civis em Bucha, nos arredores de Kiev.
É a sua primeira visita à Ucrânia desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, em janeiro, e desde então quebrou o isolamento diplomático imposto a Vladimir Putin pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia.
Após a altercação entre o Presidente norte-americano e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Sala Oval, no final de fevereiro, Annalena Baerbock apelou aos europeus para que se comprometessem mais firmemente do que nunca com a Ucrânia.
O parlamento alemão adotou entretanto um gigantesco plano de investimento que permite desbloquear três mil milhões de euros de ajuda militar ao país.
Desde fevereiro de 2022, a Alemanha é o maior fornecedor europeu de ajuda militar à Ucrânia.
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By Impala News / Lusa
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