Moçambicano Podemos anuncia fim da relação com Mondlane e acusa-o de extremismo

O partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, anunciou hoje o fim da relação com o político, acusando-o de posições “inconsistentes e extremistas”.

Moçambicano Podemos anuncia fim da relação com Mondlane e acusa-o de extremismo

“De ora em diante, terminado o processo eleitoral com a validação e proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional, mesmo sem concordar com os mesmos, foi igualmente terminado em definitivo o suporte do Podemos à candidatura de Venâncio Mondlane às eleições de 09 de outubro”, lê-se no comunicado de imprensa do partido, emitido no final de mais uma sessão do seu Conselho Político.

Em causa está o fim da relação entre Venâncio Mondlane e o Podemos, composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), e que viu a sua popularidade aumentar desde o anúncio, a 21 de agosto de 2024, do apoio à candidatura de Mondlane nas presidenciais.

O “acordo político” aconteceu pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação (CAD) rejeitada pelo Conselho Constitucional por “irregularidades”.

Nas eleições de 09 de outubro, o Podemos, que nunca teve um deputado no parlamento desde a sua criação (2019), tornou-se o maior partido da oposição em Moçambique, tirando um estatuto que era da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.

No referido documento, o Podemos rejeita ter violado o acordo, apontando que o mesmo foi violado pelo ex-candidato presidencial nos seus termos de “confidencialidade, rotura e forma de cessação do mesmo”, ao cedê-lo ao seu assessor político Dinis Tivane.

O mesmo comunicado esclarece que o pedido de Venâncio Mondlane para os deputados não tomarem posse não fazia parte do acordo, indicando que os seus membros tomaram posse por se tratar de uma “cultura do Estado” do partido.

Face ao fim da relação, o partido indicou que Venâncio Mondlane fica proibido de usar símbolos do Podemos.

Para o Podemos, as atitudes de Mondlane, de defesa da continuação das manifestações, revelam tratar-se de um político com posicionamentos “inconsistentes e extremistas”.

Como exemplos, o Conselho Político apontou que o ex-candidato promove a “desobediência civil”, a rejeição do “cumprimento escrupuloso da ordem constitucional”, a instigação de “populares não esclarecidos a praticar anarquia na sociedade e a faltar ao cumprimento da lei”.

Criticou ainda Mondlane por promover o que chamou de “vandalismo” durante as manifestações, pedindo aos jovens para não aderirem aos protestos.

“O partido concluiu que Venâncio Mondlane age como um extremista confesso, que na sua estratégia populista, irrealista, insta a juventude a matar quem igualmente mata o outro, usa ‘mídias’ para difundir informações falsas e difamatórias”, acrescenta.

O fim da relação entre o Podemos e Mondlane tinha sido antes anunciado pelo assessor do ex-candidato presidencial, que acusou a formação política de “vender a luta do povo”.

Em 07 de fevereiro, Mondlane prometeu  criar o seu próprio partido, após o anúncio do fim da relação com o Podemos, com o qual teve um “”acordo político” para as eleições de outubro passado.

Moçambique vive desde outubro sucessivas manifestações e paralisações no país, inicialmente convocadas por Mondlane em contestação dos resultados eleitorais e atualmente também para reclamar, entre outros, contra o elevado custo de vida e a falta de emprego.

Nos protestos, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

 

PYME // MLL

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By Impala News / Lusa

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