Mortágua apela no Benformoso a participação em marcha contra o racismo como “grito de revolta”

A coordenadora do BE apelou hoje na rua do Benformoso, em Lisboa, à participação na marcha contra o racismo e a xenofobia como um “grito de revolta” que responda à “degradação acelerada das regras do humanismo e da solidariedade”.

Mortágua apela no Benformoso a participação em marcha contra o racismo como

O apelo de Mariana Mortágua foi feito após uma visita à rua do Benformoso, palco de uma operação policial no passado dia 19 de dezembro que resultou na detenção de duas pessoas e que levou à circulação de imagens nas redes sociais com dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia.

Mortágua quer que manifestação “Não nos encostem à parede”, agendada para as 15:00 de sábado entre a Alameda e o Martim Moniz, mostre que “há quem resista” e não assista “passivamente à degradação acelerada das regras básicas do humanismo e da solidariedade”.

Para a líder bloquista, a marcha vai responder ao que diz ser um radicalização da ação do Governo inspirada pela extrema-direita racista e baseada no “ataque aos imigrantes” mas também a todos os portugueses.

“Um governo que decide uma operação policial por questões de propaganda, hoje ataca os imigrantes e amanhã ataca quem? (…) Não pensemos que esta é uma questão entre imigrantes e portugueses. É sociedade civil que tem de se unir para dizer que Portugal é um país seguro e continuará a ser um país seguro”, defendeu.

A coordenadora do BE afirmou ainda que os moradores da rua do Benformoso se sentem envergonhados pela operação policial de 19 de dezembro e cansados de uma campanha de ódio, mentirosa e racista, da qual dizem ser alvo.

Após o contacto com representantes de comunidades migrantes e locais daquela zona de Lisboa, Mariana Mortágua lamentou os relatos ouvidos, criticando a discriminação de que dizem ser alvo as populações migrantes no país, nomeadamente por parte das forças de segurança.

A líder do BE disse ter ouvido dos locais relatos de situações em que a polícia, quando recebe uma queixa de alguém cujo nome dá a entender a origem do queixoso de países como o Paquistão ou o Bangladesh, se recusa a assistir essas pessoas.

“Há muitos comerciantes aqui na rua que nos estavam a relatar que quando há um problema de segurança, com um carro que tem um vidro partido e chamam a polícia, não conseguem que a polícia venha. Porque dizem o seu nome, percebem que são do Paquistão ou do Bangladesh, e não vêm assistir estas pessoas”, exemplificou.

A bloquista lamentou ainda a vergonha relatada pelos locais após a operação policial do passado dia 19 de dezembro, porque aqueles moradores, disse, “trabalharam uma vida inteira, emigraram para tentar ter uma vida melhor, pagam os seus impostos e que de repente há um dia em que são encostadas à parede sem nenhum motivo, e revistadas sem nenhum motivo, sem nenhuma razão, sem nenhuma suspeita”.

Mortágua considerou também que a população da rua do Benformoso não está cansada da atenção mediática de que tem sido alvo, mas sim da utilização daquela zona para o que caracterizou como uma campanha de ódio, racista e mentirosa.

A líder do Bloco disse também ter ouvido testemunhos de muito cansaço por parte destas comunidades porque, apesar de “contribuírem e quererem ter uma vida melhor”, o Estado não lhes dá os documentos que lhes “permitem aceder aos serviços da mesma forma”.

Mariana Mortágua defendeu ainda que esta dificuldade de obter os documentos é o exemplo da “incapacidade burocrática” do Estado português que entrava a integração de imigrantes no país.

TYRS // JPS

By Impala News / Lusa

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