Moscovo critica reforço militar alemão e relembra período nazi
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo criticou hoje o plano da Alemanha de fortalecer os seus meios militares, dizendo que se trata de uma “remilitarização”, numa referência ao período nazi (1933-1945).
O governo e a oposição conservadora na Alemanha chegaram a um acordo, no final de maio, para ultrapassar as regras orçamentais da constituição nacional, a fim de libertar 100 mil milhões de euros para modernizar as forças armadas alemãs, face à ameaça russa. “Consideramos isto mais uma confirmação de que Berlim tomou o caminho de uma maior remilitarização. Sabemos como pode acabar”, disse a porta-voz diplomática russa, Maria Zakharova.
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A referência remete para o rearmamento da Alemanha na década de 1930 e o período do ditador Adolf Hitler, que levou à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A aprovação de 100 mil milhões de euros para o exército nacional é uma grande reviravolta para a Alemanha, que nos últimos anos tem vindo a atrasar o cumprimento dos compromissos assumidos pela NATO nesta área, sendo regularmente alvo de críticas por parte dos Estados Unidos. A Alemanha, desde o fim da Guerra Fria, reduziu significativamente o tamanho do seu exército de cerca de 500.000 soldados, quando o país foi reunificado em 1990, para apenas 200.000 atualmente.
A ofensiva russa na Ucrânia tem agido como um despertar num país mergulhado no pacifismo desde os horrores nazis. Já depois dos comentários do Kremlin, a câmara baixa do Parlamento alemão aprovou hoje a ancoragem na Constituição de um orçamento extraordinário de 100 mil milhões de euros para modernizar o Exército.
O projeto hoje aprovado por uma maioria de dois terços da câmara, que ainda precisa ser ratificado pela câmara alta do Parlamento, prevê que os créditos contratados para modernizar as Forças Armadas não sejam levados em conta no que diz respeito ao teto da dívida, princípio que ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner, quer ver em vigor em 2023.
Lindner interveio antes da votação para pedir o cumprimento daquilo que classificou como uma “responsabilidade histórica”. “Durante muito tempo na Alemanha beneficiámos dos dividendos da paz, quando se acreditava que o fim da história tinha chegado”, disse Lindner, acrescentando que, no entanto, “paz e liberdade não são algo que se herda”, mas um bem a ser “conquistado pelas várias gerações”.
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