Myanmar: Dirigente deposta Aung San Suu Kyi condenada a mais sete anos de prisão
A dirigente birmanesa deposta Aung San Suu Kyi foi condenada por um tribunal militar de Myanmar (antiga Birmânia) a mais sete anos de prisão por corrupção, disse fonte judicial.
A opositora e prémio Nobel da Paz em 1991, de 77 anos, deverá passar um total de 33 anos na cadeia, no final de 18 meses de um processo, iniciado em junho de 2021, considerado político por vários defensores dos direitos humanos. O Governo eleito de Suu Kyi foi derrubado pelo golpe da junta militar em fevereiro do ano passado e a responsável detida numa prisão de Naypyidaw, onde começou já a cumprir uma pena de 26 anos, depois de julgada culpada em 14 acusações.
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O último julgamento, que decorreu num tribunal construído propositadamente naquela prisão, foi fechado aos meios de comunicação social, diplomatas e público, tendo os advogados da antiga líder sido proibidos de falar sobre o procedimento. Ao longo deste processo, Aung San Suu Kyi foi acusada de importação ilegal de walkie-talkies e dada como culpada em janeiro deste ano. Em seguida, foi condenada por infração da lei das telecomunicações por possuir bloqueador de telefone. Pouco depois, a junta apresentou duas novas acusações por violação das restrições anti-covid-19 num comício de campanha antes das eleições de 2020, das quais saiu vencedor o partido de Suu Kyi, Liga Nacional para a Democracia (LND).
Aung San Suu Kyi foi acusada de importação ilegal de walkie-talkies
Em junho de 2021, Suu Kyi foi considerada culpada de provocação dirigida ao exército, por uma carta da LND a pedir a organizações internacionais para não apoiarem o golpe militar. No final de setembro passado, a opositora foi condenada por violação da lei sobre segredos, datada da era colonial, tal como foi o economista australiano Sean Turnell, recentemente agraciado e libertado pela junta. Os pormenores destas acusações não foram divulgados, apesar de a televisão estatal ter afirmado que Sean Turnell, antigo conselheiro económico de Suu Kyi, teve acesso a “informações financeiras classificadas como segredo de Estado” e tentou fugir do país.
No mesmo mês, foi condenada por ter influenciado a comissão eleitoral durante o escrutínio de 2020. No ano passado, a junta anulou aquelas eleições, afirmando ter encontrado exemplos de casos de fraude. Observadores independentes consideraram o escrutínio livre e justo. O regime militar birmanês apresentou também uma lista de acusações de corrupção destinadas, na opinião de críticos, a manchar a reputação da Nobel da Paz. O tribunal controlado pelo exército acusou e condenou Suu Kyi por ter recebido 600 mil dólares (563 mil euros) e mais de dez quilogramas de ouro de um antigo ministro. Em outubro, foi condenada por ter aceitado centenas de milhares de dólares de um empresário local. Suu Kyi considerou estas acusações absurdas, de acordo com uma fonte próxima do processo. Neste último julgamento, a Nobel foi visada por outras cinco acusações de corrupção relacionadas com o aluguer de um helicóptero para um ministro. Neste caso, Suu Kyi foi acusada de não seguir as regras e causar “uma perda para o Estado”.
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