Novo momento de tensão entre comitiva do Chega e comunidade cigana

Novo momento de tensão entre comitiva do Chega e comunidade cigana

A campanha do Chega viveu hoje um novo momento de tensão entre a comitiva e elementos da comunidade cigana, em Viana do Castelo, pelo terceiro dia consecutivo, com troca de insultos de parte a parte.

A caravana do Chega para as eleições legislativas de dia 18 continua no norte do país, com o dia de campanha a arrancar, ao final da manhã, com uma arruada em Viana do Castelo e a terminar com um jantar-comício em Bragança.

A arruada, que começou no Largo de São Domingos, terminou com uma passagem pela feira semanal, onde aconteceu este momento de tensão com cerca de duas dezenas de elementos da comunidade cigana, que, ao ver a comitiva do Chega, gritaram acusações de racismo e fascismo. Estas pessoas acusaram também o partido e o seu líder, André Ventura, de incitamento ao ódio contra esta comunidade.

O protesto começou do outro lado da rua já quando André Ventura se dirigia ao carro para abandonar o local. Alguns agentes da polícia fardados, e outros à paisana, intervieram para acalmar os ânimos e evitar o contacto direito entre os elementos dos dois lados. “Não têm mais nada para fazer do que vir para aqui a toda a hora? Não têm trabalho para fazer? Vêm para aqui a toda a hora, vão-se embora, não andem atrás de mim pelo país todo”, atirou o presidente do Chega, dizendo que “já chega”.

“É escusado virem para aqui, vão trabalhar”, afirmou, dirigindo-se aos manifestantes. Do lado da comitiva do Chega, ouviram-se expressões como “[vão] para a vossa terra, vagabundos” ou “vão trabalhar”. Este foi o terceiro dia consecutivo em que se registaram momentos de tensão e de troca de insultos entre elementos do Chega e da comunidade cigana, desde o início da campanha eleitoral, no domingo.

Nas ruas do centro de Viana, e minutos depois de um período de chuva intensa, foram poucos aqueles com quem se cruzou a comitiva encabeçada por André Ventura e pelo cabeça de lista pelo distrito, Eduardo Teixeira. Nas poucas interações com populares, André Ventura foi abordado para cumprimentos e fotos por pessoas que deixaram palavras de apoio, mas houve quem também virasse a cara ao líder do Chega.

A certa altura do percurso, Eduardo Teixeira assinalou que o grupo estava a fazer parte do caminho da procissão em honra de Nossa Senhora d’Agonia, o que levou Ventura a comentar: “espero que não seja o nosso no dia 18”. Antes do momento de encontro com elementos da comunidade cigana, o presidente do Chega admitiu que Viana do Castelo “é um distrito difícil”, mas mostrou-se esperançoso de que seja possível “subir o resultado”. O cabeça de lista concretizou este objetivo e pediu a eleição de dois deputados.

André Ventura disse também querer mostrar, nesta campanha eleitoral, que o Chega “é a alternativa que faz falta” e afirmou que tem sentido um “grande apoio popular”. Questionado sobre a razão por que não transmite medidas do partido às pessoas com quem se cruza, o líder do Chega argumentou que as arruadas em que participa “são de contacto segundo a segundo” e que “num segundo não se explica uma proposta”.

“As pessoas sabem quais são as nossas propostas”, argumentou. Entre os cânticos que anunciavam a arruada do Chega, ouviu-se uma adaptação do hino da AD – Coligação PSD/CDS, “Deixa o Luís trabalhar”. “Ele tem palavra, ele tem valor, deixa o André, deixa o André governar”, cantavam hoje os apoiantes. Nas últimas eleições legislativas, o Chega elegeu um deputado por Viana do Castelo. A AD e o PS conseguiram dois mandatos cada um.

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