ONG acusam Grécia de manter centenas de menores migrantes em centros inseguros

Doze organizações não-governamentais (ONG) acusaram hoje as autoridades gregas de alojarem centenas de migrantes menores não acompanhados em “zonas inseguras” nos centros de acolhimento e de não lhes atribuírem tutores legais nem fornecerem bens essenciais.

ONG acusam Grécia de manter centenas de menores migrantes em centros inseguros

Muitas das centenas de crianças não acompanhadas que se encontram em centros de acolhimento nas ilhas do Mar Egeu, “não têm roupa nem calçado e não têm acesso a alojamento seguro, nem a serviços de saúde e educação”, denunciaram as ONG num comunicado.

As organizações informaram ainda que muitos dos menores que se encontram nos centros de acolhimento de Atenas e Salónica (norte) “aguardam há semanas que os seus pedidos de asilo sejam registados ou a reunificação com os seus familiares noutros países da União Europeia (UE)”.

Segundo as mesmas ONG, um problema que tem vindo a contribuir para o atraso na transferência dos menores para alojamentos seguros passa pela inadequação dos serviços de tradução do país, necessários para registar os pedidos de asilo, bem como a falta de centros de acolhimento de longa duração devido à supressão de 300 centros no verão passado.

De acordo com o diário grego Efsyn, os centros de acolhimento das quatro ilhas do Egeu Oriental, Samos, Chios, Kos e Leros, albergavam, em meados de novembro, 900 menores não acompanhados, dificultando a gestão das suas necessidades básicas.

Em Samos, mais de 480 crianças foram alojadas na “zona segura” no centro da ilha, apesar da mesma ter uma capacidade para albergar 200 pessoas, segundo a mesma fonte.

Nos últimos meses tem sido registado um aumento do número de menores não acompanhados que chegam à Grécia, principalmente em embarcações que partem das costas da Líbia ou do Egito, explicou Iraklís Moskóv, secretário-geral do departamento de Cidadãos Vulneráveis do Ministério das Migrações e Asilo grego.

Moskóv garantiu que “nos próximos meses” serão criados mais 500 lugares nos alojamentos de menores não acompanhados e salientou que já pediu à Comissão Europeia para reativar o programa de recolocação de menores requerentes de asilo noutros países da UE, o que ajudou significativamente nos anos anteriores, sublinhou.

Entre as ONG signatárias do comunicado encontram-se o Conselho Grego para os Refugiados, Terre des Hommes Hellas, International Rescue Committee, Lighthouse Relief e Human Rights Legal Project.

De acordo com os dados da ONU, mais de 57.000 pessoas entraram irregularmente na Grécia este ano por mar ou por terra, comparativamente às quase 49.000 em 2023.

Mais de 2.400 menores migrantes não acompanhados encontram-se atualmente em centros de acolhimento estatais, de acordo com os mais recentes números oficiais, divulgados no domingo pelo Ministério das Migrações e do Asilo.

JYFR // SCA

By Impala News / Lusa

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