ONU acusa Israel de crimes de guerra e exige fim da colonização na Cisjordânia ocupada

ONU acusa Israel de crimes de guerra e exige fim da colonização na Cisjordânia ocupada

Genebra, Suíça, 18 mar 2025 (Lusa) — O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, acusou hoje Israel de cometer “crimes de guerra” e exigiu o fim imediato da colonização na Cisjordânia ocupada e a retirada de todos os colonos.“A transferência por Israel de partes da sua própria população civil para o […]

Genebra, Suíça, 18 mar 2025 (Lusa) — O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, acusou hoje Israel de cometer “crimes de guerra” e exigiu o fim imediato da colonização na Cisjordânia ocupada e a retirada de todos os colonos.

“A transferência por Israel de partes da sua própria população civil para o território que ocupa constitui um crime de guerra”, acusou, em comunicado hoje divulgado.

“Israel deve respeitar a decisão do Tribunal Internacional de Justiça e cessar imediatamente todas as novas atividades de colonização, retirar todos os colonos do território palestiniano ocupado e reparar os danos causados por décadas de atividades ilegais de colonização”, acrescentou Volker Turk.

A Cisjordânia é um território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.

O responsável da ONU falava a propósito da publicação de um novo relatório dos seus serviços dedicado as atividades na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental no período de 31 de outubro de 2023 a 01 de novembro de 2024.

Desde então, e com o estabelecimento de uma trégua na guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas, a 19 de janeiro, o exército israelita lançou uma grande operação na Cisjordânia, onde a violência aumentou consideravelmente desde 07 de outubro — data do ataque do movimento palestiniano ao território israelita, que deu origem à guerra – maioritariamente perpetrada por colonos, por vezes auxiliados pelas forças de segurança israelitas.

Segundo uma contagem do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, morreram 612 palestinianos durante o ano abrangido pelo relatório às mãos das forças de segurança e de colonos, um número muito superior aos 24 israelitas mortos registados no mesmo período.

“A política de colonatos de Israel, os seus atos de anexação e a legislação e medidas discriminatórias envolvidas no processo violam o direito internacional, tal como confirmado pelo Tribunal Internacional de Justiça, e minam o direito palestiniano à autodeterminação”, sublinhou Turk.

De acordo com o relatório, os 12 meses em análise marcam “uma expansão significativa dos colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada, incluindo em Jerusalém Oriental”.

Citando organizações não-governamentais (ONG) israelitas, o alto-comissário estima que foram tomadas medidas para implementar a construção de mais de 20.000 unidades habitacionais em colonatos israelitas novos só em Jerusalém Oriental, enquanto 214 propriedades e estruturas palestinianas foram demolidas naquela parte da cidade.

Estão a ser planeadas mais de 10.300 unidades habitacionais dentro de colonatos israelitas existentes no resto da Cisjordânia e estabelecidos 49 novos postos avançados israelitas, “um número sem precedentes”, sublinha ainda a ONU.

“A linha entre a violência dos colonos e a violência do Estado tornou-se ténue, permitindo um aumento da violência e da impunidade”, acusa ainda o relatório, enfatizando os esforços de Israel para militarizar ainda mais o movimento dos colonos.

Entre 31 de outubro de 2023 e 01 de novembro de 2024, o Alto Comissariado contabilizou 1.779 estruturas palestinianas demolidas na Cisjordânia “por falta de licenças de construção, que são quase impossíveis de obter pelos palestinianos”, resultando na deslocação forçada de 4.527 pessoas.

By Impala News / Lusa

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