Oposição de Pedro Soares exclui candidatura e acusa direção do BE de “negacionismo”
Os membros da oposição interna do BE que subscreveram nas duas últimas convenções a moção ‘E’ anunciaram hoje que não vão avançar com uma candidatura à próxima reunião magna, acusando a direção de “negacionismo” quanto à polémica dos despedimentos.
Numa nota enviada à comunicação social, os militantes do BE que apoiaram a apresentação da moção ‘E’ na XII (2021) e XIII (2023) convenções nacionais comunicam a decisão de “não apresentar nova moção na XIV Convenção”, que se vai realizar nos próximos dias 31 de maio e 01 de junho, em Lisboa.
Entre várias acusações de falta de democracia interna, estes militantes bloquistas — nos quais se incluem os quatro dirigentes que no passado sábado se demitiram da Comissão Política — escrevem que “a gota de água” surgiu com a recusa da direção em levar a cabo um inquérito interno acerca dos despedimentos no partido a partir de 2022, e que tem gerado polémica.
“O negacionismo é evidente e não pode ser iludido com uma declaração vaga de reconhecimento de erros que ninguém consegue entender e é contraditada pelos factos que surgem diariamente e por cartas das pessoas despedidas. Exigia-se coragem política e humildade. Afinal, o Secretariado considera-se inimputável e demonstra não querer mudar”, acusam estes militantes.
Depois de dois mandatos nalguns órgãos do partido, em minoria, estes bloquistas consideram que “as condições democráticas internas entraram num processo de degradação acentuada que impede a pluralidade efetiva, o debate construtivo e a participação em pleno de correntes críticas e alternativas à linha prosseguida pela maioria da direção”.
“Quem critica é ostracizado, impedido de participar em listas eleitorais, em comissões organizadoras e de preparação de iniciativas, de campanhas ou dos principais eventos, como oradores em sessões públicas, fóruns ou comícios ou em grupos de trabalho temáticos. Tem sido assim ao longo de anos dos eleitos da Moção ‘E’ na Mesa Nacional e na Comissão Política”, acusam.
Estes militantes recusam que esteja em causa “uma desistência” mas sim “uma afirmação clara e audível de que o Bloco tem de mudar, com urgência e por ação da sua base”, sublinhando que “os duros combates a enfrentar contra o populismo e a fascização, os preparativos de guerra e o ataque a direitos elementares dos trabalhadores e ao Estado social não se compadecem com um partido diminuído na sua coerência e capacidade para ser ouvido pelo nosso povo”.
Na nota é referido que caso os subscritores da moção ‘E’ apresentassem uma proposta de orientação política à XIV Convenção Nacional — cujo prazo de entrega termina hoje — teriam “a obrigação, perante os seus subscritores, de apresentar candidaturas à Mesa Nacional, à Comissão de Direitos e, posteriormente, à Comissão Política”.
“Pelas razões expostas, os/as camaradas da moção ‘E’ não querem participar em órgãos de direção com esta maioria, que se reproduzirá nesta Convenção, como sinal de completa demarcação com a linha política que tem levado a derrotas consecutivas e com as práticas internas antidemocráticas e inadmissíveis que utiliza”, criticam no texto.
ARL // JPS
By Impala News / Lusa
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