Oposição denuncia desaparecimento de boletins de voto nas legislativas do Chade

A oposição denunciou o desaparecimento de milhares de boletins de voto para as eleições legislativas marcadas para hoje no Chade, que deverão legitimar o marechal Mahamat Idriss Déby Itno, que ocupa a Presidência desde 2021

Oposição denuncia desaparecimento de boletins de voto nas legislativas do Chade

No sábado à noite, o Partido Democrático do Povo Chadiano (PDPT, oposição) denunciou o desaparecimento de mais de mil boletins de voto destinados à subprefeitura de Bongor, no sul do país.

O movimento apelou à vigilância para “frustrar as redes de fraude” que disse terem sido implementadas pela partido no poder, o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), e pela Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE).

O Chade vai eleger hoje um novo parlamento numa votação boicotada pelos principais partidos da oposição.

“É melhor ficar em casa”, disse no sábado uma das figuras da oposição, Succès Masra, numa transmissão na rede social Facebook, em que denunciou um “sistema construído sobre mentiras e roubo eleitoral”.

“Os resultados fabricados já estão nos computadores”, disse Masra, acusando o governo de já ter “fabricado resultados falsos” para as eleições presidenciais de maio.

O antigo primeiro–ministro, entre janeiro e maio deste ano, recordou os “tiroteios de alegria” mortais da polícia a 09 de maio de 2024, quando Mahamat Idriss Itno venceu as presidenciais à primeira volta, com 61,3% dos votos.

Masra acusou o regime de não ter “respeitado nenhum dos seus compromissos” durante a transição e de contar “com a lei do mais forte e não na força da lei”.

O opositor recordou o “banho de sangue” após uma manifestação da oposição em 20 de outubro de 2022.

Promovido a marechal a 20 dias das eleições, Mahamat Idriss Déby Itno ocupou o poder após a morte do pai, o então Presidente Idriss Déby, em combate contra os rebeldes da Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT), em 20 de abril de 2021.

Com a morte de Idriss Déby, os militares disseram que o governo eleito e a Assembleia Nacional tinham sido dissolvidos e que o Conselho Militar de Transição, liderado por Mahamat iria liderar o país nos 18 meses seguintes.

A oposição interpretou a movimentação dos militares como um golpe de Estado no país, que realizou as últimas eleições legislativas em 2011.

Entre a falta de fundos para organizar as eleições, a pandemia de covid-19 e a atividade do movimento extremista islâmico Boko Haram, foram várias as razões invocadas para adiar em várias ocasiões a consulta ao eleitorado.

Para a comunidade internacional, as eleições são um marco de uma trajetória que coloca o país entre a ameaça fundamentalista islâmica e a crescente influência de juntas militares golpistas de países vizinhos, apoiadas pela Rússia.

A rota de colisão com a França ficou desenhada quando, no início de dezembro, N’Djamena denunciou acordos de cooperação militar com Paris, resultando na partida de militares que combatiam o terrorismo e crime organizado no Sahel.

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By Impala News / Lusa

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