Oposição eslovaca apresenta moção contra Governo de Fico após aproximações à Rússia

A oposição progressista e liberal da Eslováquia, membro da NATO e da União Europeia, apresenta na terça-feira uma moção de censura contra a coligação governamental, composta por populistas de esquerda e ultranacionalistas, que considera próxima da Rússia.

Oposição eslovaca apresenta moção contra Governo de Fico após aproximações à Rússia

A oposição justifica a moção com “os passos do Governo, as suas declarações, as visitas internacionais pouco transparentes, lideradas pelo primeiro-ministro, Robert Fico, que põem em causa a orientação internacional do país”.

Robert Fico visitou Moscovo no final de dezembro para discutir as importações de gás natural com o Presidente russo, Vladimir Putin, na sequência do anúncio da Ucrânia de que iria cortar o trânsito de gás russo através do seu território a partir de janeiro.

Além disso, uma delegação parlamentar visitou a Rússia na semana passada para apoiar possíveis conversações de paz entre Moscovo e Kiev, oferecendo Bratislava como local para essas conversações.

Por outro lado, a oposição critica também a recente reforma penal adotada pelo executivo de Fico, que aboliu a Procuradoria Especial Anti-Corrupção e reduziu as penas para crimes graves, bem como a refundação da emissora pública RTVS, que está agora sob o controlo do Ministério da Cultura.

É pouco provável que a moção seja aprovada, apesar da escassa maioria parlamentar da bancada do Governo, cujos três partidos (Smer, de Fico, Hlas e SNS) têm, em conjunto, 76 dos 150 lugares.

A votação parlamentar terá lugar no mesmo dia em que o primeiro-ministro húngaro e principal aliado de Fico na UE, o ultranacionalista Viktor Orbán, visita Bratislava.

O líder húngaro discutirá com o seu homólogo eslovaco a situação do gás russo através do gasoduto TurkStream que atravessa a Hungria, o único ponto de ligação que a Eslováquia utiliza para o seu abastecimento de gás após o encerramento do gasoduto que atravessa a Ucrânia.

Orbán e Fico são considerados os principais aliados da Rússia no seio da UE.

Robert Fico, líder do partido de esquerda Smer, esteve em perigo de vida em maio passado, após ter sido baleado.

No poder desde outubro de 2023, esta é a terceira vez que lidera um governo eslovaco – já tinha desempenhado essas funções entre 2006 e 2010 e de 2012 a 2018 -, e agora com uma coligação com a extrema-direita pró-Rússia, que lhe valeu a suspensão dos socialistas europeus.

Robert Fico fez campanha a prometer retirar os apoios à Ucrânia e cumpriu: no dia a seguir à posse do seu executivo, anunciou o fim do envio de armas para Kiev, limitando o apoio dos eslovacos a “ajuda humanitária e civil”.

A decisão implicou uma viragem da política externa deste país de 5,4 milhões de habitantes, que forneceu uma ajuda substancial a Kiev desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022.

O seu partido conquistou 23% nas eleições legislativas também graças a um discurso anti-imigração que se assemelha ao do líder húngaro Viktor Orbán.

JH // SCA

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS