Organizações da sociedade civil angolana pedem programas focados para combate à fome

Organizações da sociedade civil angolana pediram hoje ao Governo estratégia e programas focados para combater a fome, além de justiça social na utilização dos importantes recursos naturais do país.

Organizações da sociedade civil angolana pedem programas focados para combate à fome

À margem da “Conferência Nacional sobre Recursos Naturais: Fome e Riqueza”, Cecília Quitombe, membro da Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), organização não-governamental angolana, lembrou que a fome continua a afetar centenas de famílias no país, lamentando a existência de cidadãos que não conseguem sequer fazer uma refeição por dia.

“Como é que um país tão rico do ponto de vista dos recursos naturais como Angola continua a ter pessoas que não tenham ou não fazem as três refeições por dia e agora pessoas que não conseguem fazer nem uma refeição? Isso deve levar-nos a refletir”, disse à Lusa.

Para Cecília Quitombe a fome em Angola persiste não por falta de vontade politica e sensibilidade dos governantes, mas por falta de uma “estratégia e atitude”.

A dirigente da ADRA sublinhou que o país não vai avançar, no domínio do combate à fome e pobreza, “se continuar a ter várias ações de maneira desfocada e sem ações estratégicas de abrangência nacional”.

“Temos várias coisas a acontecerem no país de maneira muito desfocada, quando todos nós já concordámos que o primeiro problema a ser debatido é a fome, mas pouco estamos a fazer em relação à fome, temos sim programas, mas esses neste momento não são estrategicamente pensados e não cobrem a nossa abrangência territorial”, lamentou.

“Precisamos de programas mais inclusivos e robustos (…), porque o angolano que passa a fome não é só o que não tem emprego, mas até mesmo o que tem emprego com o salário sem poder de compra passa a fome”, disse.

O secretário-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Vladimir Agostinho, que presidiu à sessão de abertura desta conferência, lamentou a existência de milhares de cidadãos no país em situação de vulnerabilidade que, no seu entender, “contrasta” com os recursos que abundam no país.

“Hoje num país com muitos recursos naturais ainda vemos um número de homens e mulheres com fome”, observou, referindo que o CICA, como parceiro do Governo, tem uma postura de aconselhamento visando a justiça social em favor aos mais pobres e mais vulneráveis.

Vai em favor dos mais vulneráveis para que, prosseguiu, todos de facto sintam que os recursos naturais são “uma bênção na vida de todos os seres humanos, porque Deus oferece o sol para todos e é importante que todos sorriam”.

Questionado sobre os caminhos para a inversão do quadro da fome em Angola, Vladimir Agostinho referiu que a solução reside não só nas políticas públicas que são implementadas “mas também no amor ao próximo”.

“Quando reconhecermos que onde estivermos colocados estamos ao serviço de Deus reconheceremos a importância do próximo e respeitaremos a sua necessidade”, concluiu o líder do CICA.

Esta conferência, organizada pelo “Tchota Angola” — plataforma nacional de organizações da sociedade civil sobre a abordagem da gestão e exploração dos recursos naturais –, decorre até quinta-feira, em Luanda.

DAS // ANP

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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