Pelo menos 47 mortos na repressão de protestos na Guiné-Conacri desde 2021

A repressão das manifestações na Guiné-Conacri fez pelo menos 47 mortos, na sua grande maioria jovens, desde que os militares tomaram o poder em setembro de 2021, afirmou a Amnistia Internacional num relatório publicado hoje.

Pelo menos 47 mortos na repressão de protestos na Guiné-Conacri desde 2021

Segundo o relatório, mais de 75% dos 47 mortos tinham menos de 25 anos e 40% menos de 18 anos.

A Organização Não-Governamental (ONG) revelou também que um número mais elevado de pessoas ficou gravemente ferido durante as manifestações por indivíduos identificados como membros das forças de segurança.

Entre 2019 e 2021, pelo menos 66 pessoas já foram mortas, principalmente durante manifestações contra o plano do Presidente, Alpha Condé, de reformar a Constituição para concorrer a um terceiro mandato, disse a Amnistia.

A ONG afirmou que a repressão continuou sob o Comité Nacional da Unidade para o Desenvolvimento (CNRD, na sigla em francês), liderado pelo Coronel Mamadi Doumbouya, que derrubou o Presidente em 2021.

“Apesar das promessas do CNRD de resolver a questão do uso excessivo da força (…), incluindo em casos de mortes ilegais, esta situação extremamente grave persiste, num contexto geral de repressão de vozes dissidentes”, disse a diretora da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, Samira Daoud, citada no comunicado.

A junta proibiu todas as manifestações desde 2022 e mandou prender, processar ou exilar vários líderes da oposição.

Ordenou também a dissolução de um grupo que tinha estado na vanguarda da oposição a Alpha Condé e que era igualmente ativo contra a junta e restringiu o acesso à Internet durante três meses, retirou os canais de televisão dos principais pacotes de distribuição e bloqueou as frequências de rádio.

“Desde 2019, registaram-se poucas condenações de membros das forças de defesa e segurança por uso ilegal da força”, lamentou a Amnistia.

Os centros de saúde públicos e privados têm-se recusado a tratar as vítimas por receio de represálias, referiu a organização.

Em março, o primeiro-ministro, Amadou Oury Bah, reconheceu que a junta permaneceria no poder pelo menos até 2025, não cumprindo o compromisso de sair até ao final de 2024.

LUZF/JMC // JMC

By Impala News / Lusa

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