Polícia usa gás lacrimogéneo para dispersar manifestação no centro de Maputo
A marcha tinha sido convocada pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoia a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, e ao fim de algumas centenas de metros, na avenida Mao Tse-Tung, elementos da polícia tentaram demover os manifestantes, que tentavam chegar à estátua de Eduardo Mondlane, na avenida com o mesmo nome.
Com os manifestantes, sem a presença visível de qualquer dirigente do Podemos, a manterem a intenção de marchar, pacificamente, empunhando pequenos cartazes de contestação aos resultados, a polícia acabou por fazer vários disparos de gás lacrimogéneo para dispersar, cerca das 10:50 locais (08:50 em Lisboa).
Com moradores na envolvente a atirarem pedras e outros objetos para o local, em protesto contra a ação da polícia, o grupo acabou por se separar, mas pouco depois, na avenida Eduardo Mondlane, uma parte dessas pessoas, que se concentrou no local, voltou a ser dispersada com novos lançamentos de gás lacrimogéneo.
Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.
O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.
O CIP e o CDD — Centro para a Democracia e Direitos Humanos estimam que nos confrontos dos últimos dias morreram pelo menos nove pessoas nas províncias de Nampula e Zambézia em confrontos com a polícia no contexto dos protestos pós-eleitorais.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, extraparlamentar, ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
PVJ // VM
By Impala News / Lusa
Siga a Impala no Instagram