Portugal condena “movimentações armadas” na capital da Guiné-Bissau
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros condenou as “movimentações armadas” que decorrem em Bissau e salientou que não há notícia de qualquer problema entre os portugueses no país.
“Há movimentações armadas em Bissau que se dirigem contra as autoridades legítimas da Guiné-Bissau, o Presidente e o Governo, e Portugal condena qualquer tentativa de, pela violência, impedir o normal funcionamento dos órgãos de soberania da Guiné-Bissau, nos termos da Constituição”, disse Santos Silva. O governante mostrou “grande preocupação com o que se está a passar”, mas disse que entre os portugueses na capital guineense não há registo de qualquer problema e acrescentou que o avião que saiu de Bissau esta manhã descolou em segurança e sem qualquer incidente. “O avião da TAP descolou ao final da manhã em segurança, os portugueses estão calmos e não temos notícia de qualquer nervosismo, não tenho registo de qualquer intranquilidade, para além da intranquilidade que todos sentimos quando há tiros na rua e uma ação armada”, disse o ministro.
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Portugal, concluiu, mostra “repúdio e condenação destas ações contra autoridades legítimas da Guiné-Bissau, e apela a que cessem de imediato, porque a violência contra o Governo e o Presidente é sempre absolutamente condenável”. Desde a hora do almoço, já tinham sido ouvidos tiros de bazuca e rajadas de metralhadora junto ao palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam. Num perímetro de cerca de 500 metros à volta do edifício, os militares colocaram barreiras para impedir o acesso da população à zona, onde também não circulam carros.
Segundo várias testemunhas, perto do Palácio da Justiça está uma brigada de intervenção e vários militares e elementos das forças de segurança, um sinal de golpe de Estado em curso. Homens armados impedem também o acesso à zona do Palácio Presidencial em Bissau. Estes incidentes na capital guineense junto ao palácio governamental decorrem dias depois de uma remodelação do executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a remodelação feita.
As relações entre o chefe de Estado e do executivo têm sido marcadas nos últimos meses por um clima de tensão, agravada nos últimos meses de 2021 por causa de um avião Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau, onde aterrou vindo da Gâmbia, com autorização presidencial. Entre os governantes afastados na remodelação está o ex-secretário de Estado da Ordem Pública guineense Alfredo Malu, que disse que a sua saída está relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.
Nas declarações aos jornalistas, o ex-secretário de Estado sublinhou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos. O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não se tratava disso, mas sem mais detalhes.
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