PR angolano diz que combate à fome deve ser abordado com coragem e “sem tabus”
O presidente angolano, João Lourenço, considerou hoje a fome e a pobreza como um dos maiores problemas da Humanidade, de defendeu que sejam combatidos com “uma abordagem corajosa” e “sem tabus”.
O Presidente angolano, que discursou num debate sobre a fome e a pobreza no mundo durante a cimeira do G20 que decorre no Brasil, destacou que o combate contra a fome e a pobreza requer “uma abordagem corajosa” para identificar “sem tabus” as principais causas do problema e soluções pragmáticas e duradouras para evitar o recurso ao assistencialismo que considerou não resolver o problema na raiz.
A fome é um flagelo que não afeta apenas os países em vias de desenvolvimento, salientou, podendo ser observado nos países desenvolvidos e industrializados, e sendo, por isso, imperioso olhar “para a questão do combate à fome e à pobreza, sob a mesma ótica e com a mesma sensibilidade”.
O chefe de Estado angolano saudou a criação, por iniciativa do Brasil, da Aliança na Luta contra a Fome e a Pobreza, da qual Angola é membro fundador, salientando que é fundamental olhar para a “urgente necessidade de se criarem condições que favoreçam o desenvolvimento de uma agricultura sustentável” para garantir a segurança alimentar e erradicar a fome.
“Para isso, existe a necessidade da mobilização de esforços e recursos para apoiar os países na implementação de políticas públicas eficazes que assentem essencialmente na realização de ações estruturais e transversais, com vista à redução das desigualdades”, indicou o chefe do executivo angolano.
João Lourenço elogiou a experiência do Brasil no combate à fome e à pobreza “bastante inspiradora pelos resultados práticos que tem alcançado”, afirmando que demonstra que o investimento na agricultura “é a opção certa” para promover o desenvolvimento e melhorar as condições de vida das populações.
Apontou também o caso de Angola, realçando o esforço das autoridades nacionais em matérias de aposta na agricultura para reforçar a segurança alimentar e reduzir a “grave dependência” da importação de bens alimentares.
João Lourenço focou o “enorme potencial” de Angola no setor agrícola, com terras férteis e água abundante, o que torna o país num “destino atrativo e interessante para o investimento estrangeiro” na produção alimentar e mostrou-se convicto de que o país vai cumprir o objetivo da erradicação da pobreza, estabelecido na Agenda 2030 das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) e na Agenda 2063 da União Africana.
Sobre as mudanças climáticas, frisou que agravam a pobreza das comunidades inteiras e afetam negativamente a realização da atividade agrícola, acrescentando que o governo angolano está a implementar um programa que consiste na transferência de água para as zonas mais afetadas pela seca, no sul do país, a partir do rio Cunene.
“Isto permitiu que populações geralmente nómadas, que se dedicavam essencialmente à pastorícia, se fixassem nestas zonas, que passaram a ter pasto e água para os seus animais e a possibilidade de produzirem bens agrícolas para o seu consumo”, afirmou, indicando que já está construído um primeiro canal e albufeiras de retenção de água (Cafu), prevendo-se a conclusão de projetos similares em 2025.
No quadro do combate à seca, o Presidente disse Angola tem ainda prevista a construção de seis grandes albufeiras no Namibe, estando em curso a mobilização de financiamento, e para mitigar as dificuldades que as populações está em curso um programa de transferências monetárias à famílias mais vulneráveis (Kwenda) que comparou ao programa “Bolsa Família” do Brasil.
RCR // ANP
By Impala News / Lusa
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