PR moçambicano diz que ação da polícia permitiu evitar outras pilhagens em Maputo

O Presidente moçambicano disse hoje que a ação policial, contendo as manifestações que eclodiram em Maputo na quinta-feira, evitou outras ações de pilhagem na cidade, como aconteceu no centro comercial da rede sul-africana Shoprite, que visitou.

PR moçambicano diz que ação da polícia permitiu evitar outras pilhagens em Maputo

“Vim aqui ver este espetáculo. É aqui onde a mensagem da violência se reflete. Pode-se querer desviar a mensagem ao mundo inteiro, mas isto aconteceu”, afirmou Filipe Nyusi, aos jornalistas, depois de visitar o centro comercial do grupo de supermercados sul-africano Shoprite, onde duas lojas foram vandalizadas e pilhadas nas manifestações violentas de quinta-feira, de contestação aos resultados eleitorais.

“Se não houvesse ação da polícia, a travar, quando eles iam à baixa, acredito que aquelas lojas deles, todas, estariam nesta situação. Mas a polícia conseguiu gerir”, acrescentou, recordando que muitos desses comerciantes também participam nestas marchas e manifestações, por vezes para “reclamar outras coisas”.

“Aproveitamos este momento para pedir para que não se faça isso, manifestação violenta. Acredito que há muito espaço para se poder falar (…). O risco que se corre é isto pegar moda”, disse ainda.

Antes da visita às lojas vandalizadas, onde falou com alguns trabalhadores, tentando perceber como tudo aconteceu na quinta-feira, o chefe de Estado visitou manifestantes e polícias feridos nas manifestações, das quais resultaram três mortos e 66 feridos, segundo o Hospital Central de Maputo.

Nyusi explicou que a “grande preocupação imediata” foi visitar esses “jovens”, bem como os agentes da polícia, garantindo que não foi ao hospital “para fazer julgamentos”, apenas para se “solidarizar”.

“Estamos a tentar encorajar a sociedade, temos fé que isso vai findar, sem dramatizar. As pessoas gostam de dramatizar. O povo não é desta maneira, deste feitio. Os moçambicanos são um povo que tem estrela para onde se orienta”, disse ainda Filipe Nyusi.

A cadeia sul-africana de supermercados Shoprite encerrou temporariamente espaços comerciais que opera em Maputo e em “outras áreas de alto risco”, devido às manifestações pós-eleitorais, que na quinta-feira levaram ao saque e vandalização de duas lojas, na capital.

Contactado pela Lusa, o grupo, que conta com quase 30 espaços comerciais em Moçambique, explicou que as “preocupações com a segurança dos funcionários e clientes continuam a ser de extrema importância”, que a “situação está sendo monitorizada de perto” e que “as lojas reabrirão assim que for seguro fazê-lo”.

“Estamos preocupados com os atos insensatos de danos maliciosos que colocam em risco o sustento, a vida e a segurança de outras pessoas”, disse à Lusa fonte da cadeia de supermercados.

Durante os protestos de quinta-feira, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, duas lojas, de telecomunicações (Vodacom) e mobiliário (Ok), no centro comercial que a Shoprite detém no centro de Maputo, foram vandalizadas e saqueadas por mais de uma centena de pessoas, segundo disse à Lusa um segurança no local, no próprio dia.

Em plena avenida Acordos de Lusaka, centro da cidade, os populares derrubaram o gradeamento e partiram os vidros das montras, incluindo crianças, levando televisores, telemóveis, impressoras e até frigoríficos, tendo grande parte procurado refúgio na antiga Praça de Touros da cidade, ao lado, transformada há vários anos em local de habitação.

No local, conforme a Lusa presenciou, um forte contingente policial tentou travar as pilhagens e perseguiu os autores, tendo sido feitas várias detenções, ao mesmo tempo que eram disparados tiros pela polícia e lançado gás lacrimogéneo, enquanto recuperavam parte do material saqueado, por entre um chão repleto de caixas de telemóveis abertas, vazias.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo para quinta-feira.

PVJ // MLL

By Impala News / Lusa

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