PR questiona se haverá “ciclos estáveis” num tempo de “indefinição política” global
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que se vive “um período de indefinição política” em termos globais e questionou se haverá “ciclos estáveis no futuro próximo”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que se vive “um período de indefinição política” em termos globais e questionou se haverá “ciclos estáveis no futuro próximo”. O chefe de Estado falava na conferência anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no Centro de Congressos de Lisboa. “Vivemos um período de indefinição política. Teremos ciclos estáveis no futuro próximo?”, perguntou, num discurso em inglês, horas antes de falar ao país sobre a dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que os Estados Unidos da América estão “a entrar num ano crucial de eleições intercalares” e que, no espaço europeu, há “um novo Governo alemão e uma nova coligação” e haverá “eleições presidenciais em França em breve”. “Em muitos outros países vai haver eleições, na Europa. Teremos um ciclo estável a seguir, como desejamos? Coincidindo com o novo ciclo ao nível das instituições europeias, com a nova Comissão [Europeia], com o novo Parlamento [Europeu], para dois anos?”, interrogou.
Segundo o Presidente da República, este “é um ponto-chave para as decisões dos mercados de capitais, para os investidores, sobretudo os que investem a pensar a médio e longo prazo”. Nesta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa abordou também a subida global dos preços da energia e as dúvidas quanto à evolução da inflação, congratulando-se com as declarações da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, sobre esta matéria. “Por agora, a boa notícia é que não é previsível uma subida das taxas de juro em 2022 e provavelmente em 2023, falando da zona euro. Isto são boas notícias para uma recuperação sustentável”, afirmou.
Referindo-se à conjuntura económica e financeira internacional, o chefe de Estado acrescentou: “Sejamos, como eu sou sempre, realisticamente otimistas e vamos supor que teremos uma pandemia a converter-se em endemia em 2022, que teremos uma recuperação evidente em 2022, não dependente dos ciclos políticos, ou acordos a nível internacional, que não teremos inflação preocupante acima de 2% em economias-chave, que não teremos crescimento súbito e inesperado das taxas de juro”.
“Portanto, não há receio de algo que eu estudei quando andava na escola, nos anos 70: estagflação — de que muitos de vocês já ouviram falar –, estagnação da economia e inflação combinadas. Este é o contexto, esperemos o melhor e construamos esse melhor. Depende de todos nós, claro, líderes políticos, claro, líderes económicos, líderes sociais e reguladores”, concluiu.
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