Presidenciais: Aristides Teixeira, da Associação de Utentes da Ponte 25 de Abril, anuncia candidatura
Aristides Teixeira, presidente da Associação de Utentes da Ponte 25 de Abril, anunciou hoje a sua candidatura à Presidência da República, motivado pela necessidade de impedir a “destruição das traves mestras de Abril”.
Aristides Teixeira, 65 anos, presidente da Associação de Utentes da Ponte 25 de Abril, antigo apresentador e atual funcionário da direção de produção da RTP, apresentou a sua candidatura à porta do Altis Grand Hotel, em Lisboa, uma localização que disse ser simbólica do afastamento da classe política da realidade.
“O Hotel Altis é o ‘ex-líbris’ dos encontros para se desenharem estratégias dos políticos. E fora do Hotel Altis há uma realidade, que é a que eu conheço. E a realidade é que se contornar o hotel, vai encontrar uma zona onde estão papelões empilhados e mais à frente vai encontrar sem-abrigo. Esta é a realidade que é preciso resolver. Não o que se passa dentro do hotel, mas cá fora”, explicou à agência Lusa.
Aristides Teixeira justificou a sua candidatura com uma necessidade de travar o que diz ser a “destruição das traves mestras de Abril”, acrescentando que entende que cabe ao Presidente da República exigir ao Governo, por exemplo, a redução em 20% do preço dos combustíveis e todos os bens de consumo, o fim das portagens nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama e um “redesenho do serviço público” para corresponder às necessidades dos contribuintes.
O candidato considera que este tipo de pressões sobre os governos não excede as funções de um Presidente da República, por caber ao chefe de Estado interpretar os desejos da população e “fazer pressão e exigir ao Governo medidas que defendam os interesses do país”.
Aristides Teixeira, que já foi candidato independente pela CDU, nas legislativas de 1987, e pelo CDS-PP, nas autárquicas de 2017, explica que, apesar das diferenças ideológicas entre os projetos políticos pelos quais já concorreu, se posiciona à esquerda, sem “muita diferença ideológica” com a coligação entre os comunistas e os ecologistas de “Os Verdes”.
“Sou um candidato mais à esquerda, eu sou uma pessoa que se bate pela democracia, sou uma pessoa que viveu a ditadura porque sou filho de um preso político, de um resistente antifascista, convivi com o Mário Soares, com o Álvaro Cunhal, tive esse privilégio”, recordou, para lembrar que o fundador do PS e antigo Presidente da República foi advogado do seu pai, o cabo-verdiano Eleutério Teixeira.
O funcionário da RTP apresentou-se sozinho esta manhã no Altis Grand Hotel, mas garantiu que tem por trás desta vontade de avançar na corrida a Belém uma “comissão de candidatura que será apresentada brevemente, constituída por ativistas de diversas áreas” e que anunciará também um mandatário nacional, “figura pública da área da cultura”.
Aristides Teixeira já se tinha apresentado como candidato às presidenciais de 1996 e 2011, mas nunca chegou a ver o seu nome no boletim de voto na corrida a Belém, tendo até publicado um livro intitulado “Histórias da desistência (Por que não fui Presidente da República)”, editado pela Editorial Minerva.
Acredita, porém, que desta vez o processo de candidatura vai até ao fim e espera que os eleitores lhe reconheçam o seu papel no “combate pelo direito de todas as pessoas” terem uma vida melhor.
Precisa, para isso, de reunir pelo menos 7.500 assinaturas, o mínimo exigido pela lei eleitoral para avançar com uma candidatura.
Aristides Teixeira ganhou relevância no espaço político como um dos principais rostos dos chamados “buzinões” de 1994 contra o aumento das portagens, que, afirmou à Lusa, contribuiu para a “queda do regime de Cavaco Silva”, à época primeiro-ministro.
TYRS // ACL
By Impala News / Lusa
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