Presidente da Bielorrússia avisa manifestantes da oposição em 2020 que estão a ser vigiados
O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, pediu hoje, dia das eleições presidenciais que certamente vencerá, que aqueles que participaram nos protestos contra os resultados eleitorais de 2020 se arrependam, lembrando-lhes que as autoridades os estão a vigiar.
O líder, que se candidata hoje a um sétimo mandato numas eleições consideradas pelo Ocidente e pela oposição como uma farsa, reconheceu que os manifestantes de 2020 foram impedidos de manter empregos, e avisou que têm uma nova possibilidade se reconhecerem “que estavam errados”.
“Não vamos perseguir o mundo inteiro, mas estamos a vigiá-los”, reiterou.
Em 2020, nem a oposição nem o Ocidente reconheceram a vitória de Lukashenko, o que desencadeou os maiores protestos da história recente do país e uma repressão policial sem precedentes.
Na altura, centenas de pessoas foram detidas em manifestações contra as eleições, nas quais exigiam a saída do Presidente, tendo a polícia chegado a bloquear a capital e usado canhões de água para dispersar os manifestantes, enquanto as autoridades governamentais bloqueavam as ligações de internet e telefone para evitar novas combinações de protestos.
Apoiado por Moscovo, Alexander Lukashenko recusou deixar o poder mesmo quando a União Europeia (UE) aprovou sanções a personalidades ligadas ao regime em resposta à “brutalidade das autoridades bielorrussas e em apoio aos direitos democráticos do povo bielorrusso”, e os Estados Unidos congelaram os bens do vice-ministro do Interior, considerado o braço de execução da repressão violenta, e de várias organizações.
Também a legitimidade das eleições presidenciais de hoje foi rejeitada pelos EUA e pelo Ocidente, tendo a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, referido que foi a primeira vez que “os países democráticos e as organizações internacionais não reconheceram as ‘não eleições’ antes mesmo de estas serem realizadas”.
Segundo Tikhanovskaya, tanto “os Estados Unidos como 37 países da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]” já fizeram declarações a rejeitar reconhecer as eleições bielorrussas.
No entanto, a Comissão Eleitoral Central da Bielorrússia afirmou que a participação na votação ultrapassava, ao meio-dia, 50% dos eleitores, que é o mínimo exigido por lei para declarar a eleição válida.
Depois de votar numa assembleia de voto em Minsk, Lukashenko dirigiu-se aos jornalistas para sublinhar que não se importa se os países ocidentais reconhecem as eleições presidenciais deste domingo.
Como aliado do Presidente russo, Lukashenko garantiu ainda que “não se arrepende” de ter permitido que o território bielorrusso fosse utilizado como base de retaguarda para as forças russas invadirem a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
“Não me arrependo de nada”, afirmou, quando confrontado com a dimensão do número de vítimas da ofensiva lançada há quase três anos.
Cerca de sete milhões de bielorrussos foram chamados às urnas para as presidenciais, dos quais 41,81% (quase três milhões) exerceram o seu direito de voto antecipadamente, desde terça-feira.
A votação começou às 08:00 locais (05:00 em Lisboa) e terminará às 20:00 (17:00 em Lisboa), após o que serão divulgados os primeiros resultados preliminares, segundo a Comissão Eleitoral Central.
Lukashenko é o dirigente europeu há mais tempo em funções, estando no poder desde 1994, e, segundo as sondagens, 82,5% dos bielorrussos tencionam apoiá-lo nas urnas.
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By Impala News / Lusa
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