PR/Moçambique: Marcelo admite apoio para reequipar tropas contra terrorismo em Cabo Delgado
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu esta quinta-feira que, além do treino, haja apoio para reequipar as tropas moçambicanas que estão a ser formadas para combater o terrorismo em Cabo Delgado.
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa admitiu esta quinta-feira que, além do treino, haja apoio para reequipar as tropas moçambicanas que estão a ser formadas para combater o terrorismo em Cabo Delgado. “É importante que esse treino seja acompanhado das capacidades adequadas à efetivação do objetivo”, referiu em conferência de imprensa conjunta, depois de o homólogo, Filipe Nyusi, ter pedido mais meios, num encontro entre ambos no edifício da Presidência da República, em Maputo.
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“Tive a ousadia de falar com o Presidente sobre a necessidade de trabalhar também no reequipamento desse pessoal”, disse o estadista moçambicano. “Treino, sim”, mas são necessários mais meios, algo que “a União Europeia (UE) também está a considerar”, referiu Nyusi, recordando recentes conversações que manteve em Bruxelas. “Ficou claro aquilo que foi dito”, respondeu Marcelo, acrescentando que o pedido de Nyusi “merece naturalmente o apoio português”.
Combater o terrorismo em Cabo Delgado é um “domínio muito sensível”, acrescentou, dado que está em causa “a soberania do Estado moçambicano perante uma situação de terrorismo”. Por outro lado, a guerra que eclodiu na Ucrânia não vai influenciar o empenho com que Portugal tem apoiado Moçambique a combater a insurgência em Cabo Delgado. “É evidente que não. São duas realidades distintas”, disse Marcelo.
“Uma coisa é a posição em relação à Ucrânia” no quadro da UE, da NATO e Nações Unidas, “outra coisa é uma realidade que vem de antes”, prévia à invasão russa, com formação e “apoio financeiro adequado ao combate ao terrorismo que é uma chaga universal que tem tido manifestações específicas, como esta, num país irmão”.
“Nada naquilo que é a posição portuguesa” sobre a Ucrânia “colide com aquilo que é, foi e será o nosso empenho, conjuntamente com o povo e Estado irmão de Moçambique”, sublinhou o Presidente português.
Portugal mantém há décadas missões de cooperação técnico-militar com Moçambique, dedicadas à formação, e desde o final de 2021 lidera a missão de treino da UE (EUTM, siga inglesa) que está a formar tropas para enfrentar a insurgência armada na província nortenha de Moçambique.
Durante a visita oficial a Moçambique e no quadro da cooperação militar bilateral, o chefe de Estado português irá visitar a Escola de Fuzileiros Navais moçambicanos e, no quadro da cooperação militar europeia, irá também ao encontro do contingente nacional nos dois centros de treino da EUTM, no distrito da Katembe, na parte sul da baía de Maputo, e no Chimoio, na província de Manica.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas é aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques nalguns distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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